Folha de S. Paulo


Arquipélago de Los Roques traz lado tranquilo da Venezuela

Faz um calor do cão. O vento que entra por um buraco de cerca de cinco centímetros de diâmetro, embutido na janela do teco-teco, tenta suavizá-lo. Sem chance.

De Caracas, o bimotor carrega seis passageiros. A barulheira é danada que só. Logo, todos se acomodam com o ruído e com a paisagem monocolor, tingida de um azul pálido, quase acinzentado, que margeia a costa.

Às vezes, dá um friozinho na barriga ao desviar os olhos lá para baixo. Agora, tontura mesmo é não saber para onde mirar quando o avião começa a planar sobre as ilhas.

Todo o azul do mar vai ganhando uma variação de tons impressionantes. Azul-bebê, azul-celeste, azul-turquesa, azul-marinho, azul-calcinha. Tons, enfim, de Caribe.

O que os olhos paqueram lá de cima, você vai constatar em terra e água.

É Caribe, é Venezuela, mas longe de panelaços e protestos e sem a ostentação desmesurada dos resorts e de suas praias privativas. Nem sinal de americanos rechonchudos, empanturrando-se sem parar no sistema "all inclusive". Cassino? Oi?

MAIS LOS ROQUES

Los Roques é assim. Um Caribe (ainda) "cru", "roots". O arquipélago venezuelano é formado por cerca de 50 ilhas, ilhotas e bancos de areia cercados por muitos corais.

Suas praias ainda são preservadas, muitas delas intocadas, outras inacessíveis, por se tratar de um parque nacional, criado em 1972 com a missão de preservar aque-le patrimônio.

De fato, o mar caribenho surpreende. Você chega à praia, pisa numa areia fina branquinha e dá de cara com aquela água cristalina de temperatura agradável -vá lá, nem tão morninha assim quanto a do Nordeste.

Se é incolor na beirada, conforme se entra nela, vai exibindo um festival de cores. Sem contar que o lugar é acariciado por uma brisa que parece mascarar o efeito do sol -só parece; protetor solar até debaixo do guarda-sol.


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