Folha de S. Paulo


Para Coutinho, foi Garrincha quem deu a Copa de 62 ao Brasil

Aos 16 anos, Coutinho estreou na equipe do Santos para, ao lado do Rei Pelé, acabar formando uma das melhores duplas de atacantes da história do futebol. Jogou em sete equipes, marcando 370 gols com a camisa do Santos. Pela seleção brasileira, jogou 15 partidas, nas quais marcou seis gols. Convocado para a Copa de 1962, uma lesão lhe deixou na reserva da seleção bicampeã.

Momento inesquecível. A parte boa foi ver um Garrincha (1933-1983) do jeito que foi. Se é que se deve alguma coisa, essa Copa, nós a devemos ao Garrincha. Ele fez gol de pé esquerdo, fez gol de pé direito, de cabeça, de falta... Ele estava realmente endiabrado!

Momento para esquecer. Por eu estar machucado, e acho que era uma Copa que eu podia ter dado muito pelo Brasil. Foi uma pancada que eu tomei num amistoso entre Brasil e Áustria e eu fui para a Copa com a incumbência de me recuperar lá. Mas nós viajamos 15 dias depos, e acabei não tendo condições de jogo [no Mundial] --eu tinha realmente lesionado o menisco [no joelho], então, na volta, eu tive que operar.

Concentração. Todos eram parceiros, estavam ali pelo mesmo ideal. A gente saía para tomar cerveja, somente. Mas voltávamos no horário que tinha que voltar; praticamente, treinávamos no horário que tinha que treinar. Éramos muito disciplinados nesse aspecto. E nós entrávamos em campo sem deixar furo, né? Isso é o principal. A gente fazia algumas coisas aqui fora, mas fazia muito mais bonito ali dentro.

Quem pode o ser o Coutinho de 2014? Que eu saiba, ninguém. Só se nascer alguém de hoje para amanhã! Além do quê, eu não sou de admirar jogador, principalmente homem, né? Pega mal para caramba, né, um negrão desse ficar admirando homem! Eu gosto de ver muitos deles jogarem, né? Espero que o Felipão tenha tempo de fazer uma grande seleção.

O que faz hoje? Tenho um projeto social de tirar a molecada da rua, sem a intenção de fazer jogador [profissional]. A intenção é realmente tirá-los da rua para dar um futuro melhor a eles. E nesse projeto, que chama Gaba Futebol Clube, só trabalha comigo quem estuda. Já temos escolinhas em Mongaguá (SP), Cubatão (SP) e Extrema (MG), cada uma com cerca de 180 meninos e meninas. Agora, estamos indo para Ribeirão Pires (SP) e Suzano (SP).


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