Folha de S. Paulo


Prêmio de campeões estaduais periféricos chega a ser 50 vezes menor que do Corinthians

Enquanto clubes como Corinthians e Botofogo receberam, respectivamente, R$ 2,5 milhões e R$ 300 mil, como prêmio pelas conquistas do Campeonato Paulista e Carioca de 2013, alguns campeões estaduais vivem realidades diferentes.

Embora o valor pago pela federação carioca seja menor do que o da paulista, a maior parte do faturamento dos clubes no estadual do Rio vem dos direitos de transmissão das partidas. O Flamengo, por exemplo, que não chegou a se classificar para as fases finais do torneio, recebeu R$ 10 milhões, segundo a Folha apurou.

Enquanto isso, em Rondônia, a quase 3.000 km de São Paulo, o Vilhena Esporte Clube, atual campeão estadual, recebeu R$ 50 mil (50 vezes menos que o valor pago ao Corinthians). A final representava a possibilidade do quarto título para o clube e também o pagamento dos salários atrasados. "Utilizei o valor do prêmio para pagar os jogadores, que não recebiam havia meses", afirma o presidente do clube, José Carlos Dalanhol.

Já no Amapá, o Orátório Recreativo Clube, campeão estadual, está em pior situação. O presidente, Arlindo Moreira, conta que "não há nenhum prêmio em dinheiro da federação local para o campeão, apenas o troféu". O vice-presidente da federação amapaense de futebol, Paulo Rodrigues, confirma que não há nenhum prêmio em dinheiro ao campeão do Estado. De acordo com ele, o repasse feito pela CBF para a federação não é transmitido para os times, sendo usado unicamente para o pagamento dos gastos administrativos da instituição.

O clube sobrevive com dois repasses anuais, um do governo estadual e outro da Prefeitura de Macapá, que, somados, totalizam quase R$ 710 mil.

Moreira conta que todos os clubes da primeira divisão estadual recebem a quantia. Para o Oratório, o dinheiro acaba sendo a única fonte de receita, já que a renda da bilheteria dos jogos é inexpressiva, sendo utilizada para o pagamento dos gastos como arbitragem e demarcação do campo. "Muitas vezes, a arrecadação não é suficiente, e o clube fica devendo para a federação", comenta.

O campeão amapaense de 2012 não possui um estádio próprio e manda seus jogos num campo que pertence a Moreira, mesmo local onde os jogadores treinam.

"Nós não temos um controle da bilheteria dos jogos, nem catracas para sabermos quantas pessoas comparecem em média por partida", finaliza o presidente, que estima cem torcedores por jogo.

A um pouco mais de 2.500 km do Rio de Janeiro, no Piauí, o Parnahyba Sport Clube briga na Justiça para receber o prêmio de campeão estadual (R$ 50 mil), um carro zero do patrocinador do torneio e mais R$ 55 mil de um fundo especial para que o campeão dispute a Série D do Brasileiro. "O River (PI) entrou com uma ação Tribunal de Justiça Desportiva do Piauí alegando que o Parnahyba escalou um jogador irregular no torneio, por isso o clube ainda não recebeu esses valores", conta o presidente do time, José Lima, que nega a irregularidade.

Quando questionado se o dinheiro faz falta no orçamento do clube, Lima é enfático: "Claro que faz. Agora estamos disputando a Série D do Brasileiro e nos virando para pagar as contas". (YAJNA MOREIRA, CESAR SOTO, PEDRO KUCHMINSKI)


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