Folha de S. Paulo


A mulher e o novo perfil da sociedade de consumo

Já há algum tempo a mulher vem mudando seu papel na sociedade e esta transformação se traduz nas posições de destaque que ela vem ocupando em todos os setores. Há razões de sobra para afirmar que vivemos hoje a "Era da Mulher", aquela na qual educação, empatia e sensibilidade social têm sua importância cada vez mais reconhecida. E o novo papel da mulher - com sua capacidade de adaptação, de relacionamento, inteligência e foco no longo prazo - está rapidamente moldando a sociedade no mundo moderno.

Este novo cenário, aos poucos, também começa a impulsionar mudanças nas organizações. Uma pesquisa feita pela McKinsey aponta que empresas com pelo menos uma mulher no comando dos negócios têm resultados significativamente maiores do que aquelas cujo corpo executivo é formado exclusivamente por homens.

A Unilever é um exemplo claro desse movimento. Como as mulheres representam nada menos que 80% dos consumidores da companhia - e estima-se que diariamente nossas marcas cheguem às residências de 2 milhões de mulheres - buscamos um ambiente que reflita o público a quem atendemos. Assim, em linha com essa cultura da diversidade, temos feito progressos claros: globalmente, 42% das posições de liderança são ocupadas por mulheres e, no Brasil, esse número sobe para 49%. A meta da companhia é alcançar o equilíbrio de gêneros até 2015.

A mudança do papel da mulher na sociedade tem grande impacto nos hábitos de consumo. Com a participação maior no mercado de trabalho, e a sobrecarga de tarefas, ela se viu obrigada a racionalizar seu tempo, conciliando trabalho, cuidado com os filhos, casa e, claro, as compras. Por outro lado, temos hoje famílias com maior renda familiar. Com isso, vimos na última década o crescimento de novas categorias de produtos, como sucos prontos e detergentes líquidos, por exemplo.

Coincidentemente, assistimos, no mesmo período, a ascensão da classe C. Uma pesquisa da Kantar Worldpanel, encomendada pela Unilever, indica uma mudança na estrutura social do Brasil, que deixa o formato de pirâmide e assume a forma de um diamante, com maior peso nas classes AB e C, que hoje representam 69% dos lares brasileiros. E, além do acesso a bens de consumo, a classe C hoje busca qualificação profissional como forma de melhoria de vida. Em muitas famílias, os jovens são a primeira geração a obter um diploma universitário. Outro aspecto importante é o empreendedorismo, com o crescimento de pequenos negócios no setor de serviços, como salões de beleza ou micro franquias.

A ascensão da mulher tem relação direta com este novo ambiente, assim como a busca por mais equilíbrio entre os gêneros, dentro e fora das empresas. É ele que vai nos permitir compreender melhor nossos consumidores e, mais do que isso, influenciar a qualidade das decisões e estimular a inovação no mundo dos negócios. É uma era e tanto, e somos os primeiros a ver seus resultados.

*Andrea Salgueiro Cruz-Lima é vice-presidente de cuidados pessoais da Unilever e líder do programa de diversidade da companhia


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