Folha de S. Paulo


Indústria de tecnologia mexicana quer se beneficiar de política anti-imigração

Edgard Garrido/Reuters
A judoca Stefannie Arissa Koyama, que disputará o Mundial de Budapeste pela seleção brasileira
Prédio da Amazon na Cidade do México

Amazon, Facebook e outras empresas de tecnologia norte-americanas estão expandindo operações ao sul da fronteira dos Estados Unidos, enquanto o México trabalha para capitalizar a posição anti-imigração do governo Trump.

Desde o início do ano, a Amazon.com abriu um novo escritório de engenharia na Cidade do México, enquanto o Facebook fez parceria com grupos locais para desenvolver talentos técnicos na região.

A Oracle planeja expandir seus escritórios no Estado de Jalisco, na costa do Pacífico, disseram autoridades locais, possivelmente criando centenas de empregos.

Em Guadalajara, a capital da Jalisco, um novo grupo dedicado ao recrutamento de start-ups espera ter dez novas empresas na região até o final do ano, com outras 60 previstas. E o locatário de escolha para muitas start-ups, o gigante de escritórios compartilhados WeWork, disse que abriu cinco instalações e agora atende 6 mil trabalhadores depois de estrear na Cidade do México em setembro passado.

Os esforços do presidente dos EUA, Donald Trump, para reduzir a imigração para os Estados Unidos, incluindo novas restrições aos vistos para trabalhadores qualificados —com os quais muitas empresas de tecnologia contam para atrair talentos estrangeiros— levaram países que variam da China ao Canadá a intensificar o recrutamento de trabalhadores especializados e start-ups que poderiam ter migrado para os Estados Unidos.

Para o México, há mais um fator de urgência: mais de 600 mil imigrantes de origem mexicana que atualmente estão cobertos pelo programa Daca, que oferece proteção contra deportação a imigrantes ilegais que chegaram nos EUA ainda crianças.

Essas pessoas, conhecidas como "sonhadores", podem ter que procurar trabalho no exterior em breve, como resultado da decisão do governo Trump de deixar que o Daca expire.

Ainda não está claro se o benefício para a indústria de tecnologia do México será profundo ou duradouro. O destino dos "sonhadores" permanece incerto, já que o Congresso ainda poderia aprovar uma legislação que continha o programa.

As estatísticas do governo mexicano ainda não mostraram um aumento nos pedidos de residência temporária concedidos aos trabalhadores estrangeiros, sugerindo que a maioria dos possíveis candidatos não estão olhando para o sul.


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