Folha de S. Paulo


Adele se recusa a colocar novo álbum no Spotify e em outros streamings

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A cantora Adele, que só oferece o álbum '25' por download pago
A cantora Adele, que só oferece o álbum '25' por download pago

Para legiões de fãs de Adele, assim como para a indústria musical, uma grande questão pairava a respeito do lançamento de "25", o primeiro álbum dela em quase cinco anos. É praticamente certo que o projeto será um hit gigantesco, mas ele estará disponível para serviços de streaming como Spotify e Apple Music?

A resposta surgiu nesta quinta-feira (19), após semanas de especulação: não.

Menos de 24 horas antes do lançamento, nesta sexta-feira (20), os maiores serviços de música digital foram informados de que "25" não estaria disponível para streaming, segundo três pessoas ligadas diretamente aos planos. Um porta-voz de Adele se recusou a comentar o tema.

O streaming se tornou o segmento com crescimento mais rápido na indústria musical e o formato apontado por executivos de gravadoras e do mundo da tecnologia como o futuro desse mercado. Mas continua controverso entre vários artistas, em razão de questões de pagamentos de royalties e do controle sobre o trabalho.

Muitos artistas não têm opção a não ser aceitar os termos dos serviços de streaming. Mas Adele, assim como Taylor Swift e Beyoncé, está entre as pouquíssimas estrelas com força suficiente para determinar como suas músicas serão consumidas.

Adele estaria pessoalmente envolvida na decisão, parecida com a que Taylor tomou há um ano, quando ela retirou todas as suas canções do Spotify, alegando que o serviço estava tirando o valor de suas músicas ao permitir que usuários as ouvissem gratuitamente. Depois, a cantora fechou um acordo para que seu álbum mais recente, "1989", estivesse no Apple Music.

Beyoncé só permitiu que seu último álbum, "Beyoncé", fosse para os serviços de streaming um ano após o lançamento, no fim de 2013.

"Essa é uma questão menor para Adele, mas um problema enorme para os serviços de streaming", diz Mark Mulligan, analista de mídia digital da consultoria Midia Research.

A expectativa é que "25", lançado pela XL/Columbia, seja o maior lançamento da indústria musical em anos. De acordo com a revista "Billboard", executivos esperam que sejam vendidas 2,5 milhões de cópias na primeira semana nos Estados Unidos, uma cifra inédita até hoje.

O último álbum a obter vendas nesse nível foi "No Strings Attached," do N Sync, que vendeu 2,5 milhões de cópias no começo de 2000, o pico da era do CD.

Comparativo de serviços de streaming

As gravadoras às vezes tardam a disponibilizar os álbuns em streaming para aumentar as vendas de CDs e por download. Adele fez isso em 2011, quando lançou "21". O álbum ficou fora do Spotify por mais de um ano e vendeu mais de 30 milhões de cópias pelo mundo.

Mas essa estratégia começou a falhar, à medida que milhões de usuários passaram a preferir os streamings a fazer downloads pagos ou comprar CDs. O Spotify tem hoje 75 milhões de usuários, sendo que 20 milhões pagam para acessá-lo. A Apple, que lançou o serviço Musice em junho, disse no mês passado que tem 6,5 milhões de pagantes.

"Nós amamos e respeitamos Adele, assim como os 24 milhões de fãs delas no Spotify", disse o serviço, em nota. "Nós esperamos que ela dê a esses fãs a oportunidade de ouvir '25', no Spotify muito em breve."

Alguns executivos disseram que é possível que Adele decida disponibilizar o álbum por streaming após uma janela que pode ser curta (de uma semana).

Por enquanto, "Hello", o primeiro single de "25", continua amplamente disponível nesse tipo de serviço, e seu lançamento no mês passado parece não ter sido prejudicado por causa disso. Apesar de estar no Spotify e em um monte de outros serviços, a música teve 1,1 milhão de downloads pagos nos Estados Unidos na primeira semana. O vídeo da canção também já foi visto mais de 400 milhões de vezes.


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