Cofundador do Twitter, Jack Dorsey foi efetivado nesta segunda-feira (5) como presidente-executivo da empresa. Ele acumulará o cargo com a mesma função ocupada na Square, uma companhia de pagamentos pelo celular, o que gera receios sobre conflito de interesses.
Investidores têm expressado preocupações sobre se Dorsey vai conseguir gerenciar ambas as companhias –a Square, que hoje vale cerca de US$ 6 bilhões, deve abrir capital na Bolsa neste ano, o que vai exigir bastante tempo do executivo.
Entretanto, as ações do serviço de microblog subiram 1,9% na manhã de hoje, após o anúncio.
Dorsey, que exerceu o cargo entre 2007 e 2008, havia voltado a ocupar a presidência-executiva do Twitter em junho, de forma interina, após Dick Costolo ter deixado o posto por não conseguir aumentar o número de usuários do serviço.
A principal crítica que o Twitter recebe é ser difícil de manejar, devido à limitação de 140 caracteres por mensagem e à demora para lançar novos produtos que possam atrair novos usuários.
No segundo trimestre, o site tinha 316 milhões de usuários ativos mensais, 2% mais que nos três meses anteriores. Para ter uma comparação, o rival Facebook tinha 1,44 bilhão de usuários. Desde o primeiro trimestre de 2013, o Twitter acumula um prejuízo de US$ 1,5 bilhão.
O próprio Dorsey, quando voltou à empresa, criticou o serviço que estava sendo oferecido aos usuários.
Para tentar voltar a ganhar popularidade, o Twitter anunciou mudanças nos últimos meses. As mensagens diretas, por exemplo, perderam a limitação de 140 caracteres e podem ser enviadas em grupos e até por pessoas que não se seguem.
Segundo o site Re/code, a empresa deve lançar em breve uma ferramenta para textos maiores, além de estudar novas maneiras de fazer a contagem de caracteres. Assim, o nome do usuários e links compartilhados não entrariam no limite.
COMANDO ERRÁTICO
Dorsey fundou o Twitter em 2006 ao lado de Evan Williams, Biz Stone e Noah Glass. No entanto, acabou demitido da empresa dois anos depois devido a problemas internos, como a falta de comunicação com os outros funcionários e querer aparecer como único inventor da rede.
Williams, que tinha sido o primeiro investidor e tornou-se desafeto de Dorsey, assumiu o posto de presidente-executivo, mas não conseguiu fazer a rede crescer financeiramente, mesmo após grandes investimentos. Como o Twitter também passou a perder usuários ativos e gerava baixa receita de anunciantes, ele foi substituído em 2010 por Costolo.
Apesar de a manobra ter servido para que Costolo estabilizasse as contas do Twitter, ele deixou o cargo no começo deste ano por ser considerado lento ao lançar novos produtos para a rede, além de não conseguir atrair novos usuários, pois o Twitter era considerado difícil de usar.
Dorsey, que nesse tempo criou a Square, voltou à presidência-executiva do Twitter com o objetivo de fazê-lo crescer. Também é uma chance para ele de mostrar que aprendeu com os erros do passado.