Folha de S. Paulo


Internet pode ter consequências permanentes, diz Rosana Hermann

Há um conflito entre o permanente e o efêmero na internet. É o que disse a jornalista e professora Rosana Hermann, nesta quarta-feira (23), no youPIX CON.

Para ela, esse conflito acontece principalmente nos comentários nos portais, blogs e redes sociais. Neles, para o usuário que deixou o comentário, esse momento é algo efêmero, mas os resultados deixados tanto para quem postou quanto para quem foi alvo do comentário podem ser permanentes.

Ela lembra o caso de uma mulher que colocou no Facebook uma foto de um homem de camisa regata e bermuda junto com a legenda "aeroporto ou rodoviária?".

Enquanto bastaram apenas alguns botões para postar o comentário, as consequências foram duradouras. A mulher que fez a postagem foi perseguida por usuários da internet e acabou perdendo o emprego na universidade em que dava aula.

Reprodução
A física, jornalista, escritora e professora de roteiro na FAAP Rosana Hermann
A física, jornalista, escritora e professora de roteiro na FAAP Rosana Hermann

Mas o apogeu da efemeridade nas redes sociais, para Hermann, é o Snapchat, rede social de vídeos de até dez segundos, que podem ser assistidos apenas uma única vez e têm prazo de validade.

O problema para ela é que até mesmo os usuários do Snapchat reclamam dessa instantaneidade. Neste mês, a rede social disponibilizou alguns efeitos para os vídeos, como vomitar arco-íris. Foram um sucesso, mas duraram apenas cinco dias antes de serem retirados do ar. Assim, o Snapchat acabou sendo alvo da ira dos seus próprios usuários.

Para acabar com a preocupação com a efemeridade, Hermann dá um conselho: "Let it Go" ("deixe ir embora"), refrão que ficou famoso pela canção do filme "Frozen".

Segundo a jornalista, as pessoas têm uma necessidade de fazer parte de algo de que gostam, por isso vão atrás de seus ídolos em troca de algumas lembranças. Como na internet, essa prática é cada vez menos possível –o melhor é não se importar em o quão rápido as coisas se vão.

"A cabeça da gente tem a ideia de que somos o acúmulo de todas as nossas experiências do passado", diz Hermann. "Mas precisamos deixar as coisas ir embora. 'Let it go'."


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