Folha de S. Paulo


É cedo para dizer que Facebook prejudica a web, dizem acadêmicos

Para estudiosos dos meios digitais, a internet está mesmo se tornando um "planeta Facebook", como critica o blogueiro Hossein Derakhshan. Entretanto isso não vai necessariamente "matar a web", como ele aponta.

"É precoce indicar o rumo da internet nesse momento. Ainda são necessários alguns anos para saber os efeitos que esse predomínio das redes sociais terá", afirma Pollyana Ferrari, pesquisadora em mídias digitais da PUC-SP.

Isso é evidente pela intensidade da mudança da rede no período em que Derakhshan esteve preso. "Nesses seis anos houve uma explosão de criadores de conteúdo. É inevitável ser mais difícil aparecer", afirma Marcelo Coutinho, professor de comunicação e estratégia da FGV-SP.

Ferrari concorda, entretanto, que a informação está "aprisionada" no site de Mark Zuckerberg. "Vivemos no planeta Facebook. Seu conteúdo pode ser maravilhoso, mas, se não estiver na rede social e você não pagar para aparecer, ele não existe."

O domínio de grandes corporações, amplamente criticado pelo blogueiro iraniano, não é necessariamente nefasto, avalia Coutinho. O investimento delas permite, por exemplo, a disseminação da rede aos mais remotos lugares –caso da iniciativa do Google e do Facebook de distribuir o sinal da rede por meio de balões.

"Se a internet fosse pública, dificilmente atingiríamos esse patamar de benefício à sociedade. Mas, é claro, isso teve um preço, que foi a invasão da privacidade pela publicidade que rastreia sua navegação", afirma o professor.

Uma visão bem mais otimista sobre a internet que a de Hossein tem Gil Giardelli, professor de mídias digitais da ESPM. A rede atual, segundo ele, está muito mais colaborativa.

"O ambiente digital ainda é raivoso, como na guerra entre coxinhas e petralhas. Mas agora há discussões positivas sobre o impacto de mudanças no dia a dia, como a questão das ciclofaixas."


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