Folha de S. Paulo


Novo iPhone deve bater recorde de preço no Brasil

Os novos iPhones, anunciados pela Apple na semana passada, chegam ao Brasil até o fim do ano, de acordo com a companhia. Os aparelhos, que têm como principal novidade uma tela que "entende" níveis de força do usuário para acionar diferentes funções, devem bater recordes de preço no país.

A versão mais barata (com 16 Gbytes de capacidade, pouco até para o mais pacato usuário) deve superar a barreira dos R$ 4.000 (nos EUA, são US$ 199, cerca de R$ 770, na versão com contrato de dois anos). Quando do lançamento do iPhone 6 no Brasil, em novembro, a cotação do dólar era de R$ 2,59, e o aparelho custava a partir de R$ 3.200.

Hoje, a moeda americana vale em torno de R$ 3,88, quase 50% mais, e a companhia altera seus preços conforme a flutuação cambial (como fez menos de dois meses depois do lançamento). Desbloqueado, o aparelho sai por US$ 649 (cerca de R$ 2.500) nos EUA.

O Galaxy S6 edge+, o maior concorrente do iPhone, foi lançado por R$ 4.000 (com 32 Gbytes de memória interna). Está menos sujeito à variação do dólar por causa da fabricação local.

A já criticada falta de espaço no iPhone 6s deve ser agravada pelo preço (o salto para a opção com mais memória costuma ser de R$ 300) e pelo aumento no tamanho das fotos. A câmera passou a ter 12 Mpixels de resolução, 50% a mais que antes.

Mas, para Leonardo Munin, analista da empresa de pesquisa IDC, a venda dos celulares ultracaros, como é o caso do iPhone, não é tão influenciada pela variação de preço. Ou seja, quem quer –e pode– vai comprar.

Para Werner Goertz, do Gartner, a força da marca é o que importa, e a da Apple continua a se fortalecer mesmo em mercados com maior saturação, como a crucial China.

Segundo Marcos Calliari, da Kantar Worldpanel, o Brasil ainda tem menos de metade do mercado de celulares composto por telefones convencionais, o que significa que apresenta oportunidade de crescimento para toda fabricante, ainda que principalmente para as de preço menor. (A chinesa Xiaomi vende por R$ 500 um modelo que gosta de equiparar aos oferecimentos da Apple, que custam cerca de oito vezes mais).

Durante o evento de lançamento realizado na última quarta (9) em San Francisco, a Apple mostrou também o iPad Pro, um tablet com tela de 12,9 polegadas (contra as 9,7 do iPad original) que pode ser usado como um substituto de laptop.

Tem a mesma proposta do Surface, aparelho da Microsoft. A histórica rival, aliás, teve um representante no palco pela primeira vez em um evento da Apple (para apresentar uma nova versão do aplicativo do Office para iPad).

Para Goertz, do Gartner, as novidades incrementais não significam que a Apple tenha desacelerado em inovação. "Os lançamentos não tiveram a intenção de mudar todo o jogo, mas de demonstrar evolução. As melhorias em processador e câmera são boas, e a sensibilidade maior ao toque se destaca como disruptiva", diz.

É difícil argumentar preliminarmente que fazer o "upgrade" do iPhone 6 para o iPhone 6s valeria a pena.

A nova maneira de interagir com o sistema, com o toque mais forte (que vai abrir menus e outras opções, poupando o usuário de executar alguns toques), pode se mostrar muito útil, mas ela depende do que prepararem os desenvolvedores, tanto de aplicativos quanto do próprio sistema.


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