Há pouco menos de um ano o técnico em automação industrial Alex Becher, 36, como milhões de outros usuários, recebeu a notícia que o Orkut, a primeira rede social a fazer sucesso no Brasil, seria fechada pelo Google, sua proprietária.
Becher, então, decidiu criar o Orkuti, uma rede para brasileiros, seguindo a mesma fórmula que levou a página americana ao sucesso –com scraps, depoimentos e comunidades.
O site estreou em outubro de 2014, logo após o fim do Orkut, e quase um ano depois continua firme no ar. Na última semana, ganhou um aplicativo para Android, que conta com todas as funções da web, além de um chat para os usuários interagirem em tempo real.
Apesar do novo app, o Orkuti ainda está longe de alcançar o sucesso de sua inspiração: tem 500 mil usuários registrados, contra cerca de 40 milhões de contas ativas da rede do Google em seu auge.
A comunidade "Eu odeio acordar cedo", uma das mais icônicas em outros tempos, também exemplifica a diferença entre as redes. Se no Orkut ela chegou a ter mais de 6 milhões de participantes, são apenas 2.000 usuários na colega brasileira.
"Eu acredito que quase somos uma rede social consolidada, visto que uma nova geração de usuários que não conheceu o Orkut está se cadastrando no Orkuti e ficando. Agora, o saudosismo também influencia, mas as pessoas estão buscando algo mais do que simplesmente exibir status como nas outras redes sociais", disse Bécher à Folha, em entrevista por e-mail.
Apesar de ainda estar longe da popularidade do Orkut, o fundador do site brasileiro se diz satisfeito com o sucesso alcançado. "No início eu não esperava chegar tão longe, pois comecei sozinho gastando R$ 20 por mês com servidor, mas depois do lançamento eu fiquei surpreso com a aceitação e convidei investidores para o projeto."
NOVAS FERRAMENTAS
O Orkuti mistura o "leio, respondo e apago" e "o que falar desse cara que mal conheço e já considero pacas", frases corriqueiras na rede do Google, com elementos do Facebook, como uma linha do tempo na página principal e sugerir aos usuários adicionar pessoas próximas como amigos.
Becher, que também tem perfil no Facebook, diz estar desenvolvendo uma versão do aplicativo para iOS e para Windows Phone, além de um sistema de publicidade. Também fechou uma parceria com uma empresa de games, para que os usuários do Orkuti possam jogar dentro da página. No fim do ano, quer abrir um escritório dedicado apenas ao site.
Apesar de manter a página no ar há quase um ano, ele diz que nunca recebeu mensagens do Google nem do programador turco Orkut Büyükkökten, criador da página americana. "O que fizemos foi enviar uma carta ao Google dizendo sobre o projeto no Brasil e perguntando se tinham interesse em nos ceder o domínio Orkut.com, mas nunca obtivemos resposta", diz.