Folha de S. Paulo


35 anos depois, Pac-Man vira filme e ainda faz sucesso

O Pac-Man, herói de um dos jogos de videogame mais populares da história, chegará às telas de cinema na quinta-feira (23), no filme "Pixels".

O longa, porém, não traz o personagem simpático que tenta comer bolinhas enquanto foge de fantasmas coloridos. Na produção da Sony, que traz Adam Sandler no papel principal, o Come-Come será transformado, pela primeira vez, em vilão.

A produção chega aos cinemas dois meses após o aniversário de 35 anos do lançamento do Pac-Man –jogo que foi criado pelo japonês Toru Iwatani para máquinas de fliperama da Namco e revolucionou os games.

No primeiro ano após o lançamento, mais de 100 mil máquinas com o jogo foram vendidas nos Estados Unidos. Em 1982, foi a vez de o produto chegar ao Atari. "Foi o primeiro game que joguei no fliperama, aos sete anos", diz Marcelo Tavares, 35, diretor da Brasil Game Show. Ainda hoje ele joga Pac-Man em uma máquina no seu escritório, no Rio.

A simplicidade do jogo é um dos motivos do sucesso. "Todos conhecem as regras, e ele atende quem busca só um jogo casual ou então desafios", diz Jason Enos, diretor de marcas e marketing da Bandai Namco para a América Latina.

"Iwatani queria criar um jogo que não intimidasse as mulheres, seja pelo personagem ou pela dificuldade", acrescenta Enos –hoje, elas representam 47% dos jogadores de games no Brasil, segundo pesquisa deste ano feita pela produtora Sioux.

O Pac-Man contribuiu também para a evolução do gráficos dos videogames, além de trazer recursos até hoje presentes, como progressão de níveis de dificuldade e inteligência artificial.

Cada fantasma tem uma estratégia própria, que se ajusta em tempo real às decisões do jogador.

"Ele se tornou um modelo para os games modernos", diz Noah Wardrip-Fruin, professor de mídias computacionais da Universidade da Califórnia, um dos principais pesquisadores do assunto no mundo.

Segundo a Namco, mais de 50 títulos foram lançados desde a criação do Pac-Man. A partir de 1999, a companhia tentou modernizar o jogo com versões em 3D, mas não obteve sucesso. "Ele fez tanto sucesso em 2D que não conseguiram emplacar as versões 3D", diz Tavares.

A empresa não revela a receita obtida com a franquia, mas afirma que "o game representa parte importante dos negócios".

A versão mais recente do Come-Come, chamada de "Pac-Man and The Ghostly Adventures 2" está disponível para PlayStation 3 e Xbox 360. Nos smartphones e tablets, os fãs podem baixar a edição comemorativa de 35 anos do personagem.

INFLUÊNCIA CULTURAL

Nem só da venda do game vive o Pac-Man. "Ele se tornou um verdadeiro fenômeno cultural", diz Wardrip-Fruin. Ainda nos anos 1980, o personagem foi transformado em série de TV de Hanna-Barbera e inspirou a música "Pac-Man Fever", da dupla norte-americana Buckner e Garcia.

Antes de "Pixels", que traz alienígenas que usam games famosos para atacar a Terra, Pac-Man participou do filme "Detona Ralph" (Disney) e estrelou a série de TV "Pac-Man e As Aventuras Fantasmagóricas", disponível no Netflix.

Há ainda uma série de produtos licenciados. "Já existiu até cereal do personagem", diz Enos.

Por que as pessoas querem tanto ter algo do jogo? Para Tavares, que tem almofadas, despertador, fliperama e ficou por dez anos com a música do Come-Come como toque do celular, a resposta é simples. "Ter algo do Pac-Man identifica você como um apaixonado por games."

arte

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