Folha de S. Paulo


Apple Watch é lento e serve apenas para 'pioneiros', dizem analistas

O Apple Watch, produto de tecnologia mais esperado do ano, tem um potencial futuro extraordinário. Mas, em sua primeira versão, é lento, tem várias funções, mas não realiza nenhuma delas de modo efetivamente bom, e pode ser útil só para "pioneiros".

Na média, essa foi a avaliação feita por jornalistas estrangeiros que testaram o aparelho, que entra em sistema de pré-venda on-line na próxima sexta-feira (10) em nove países (Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, Canadá, China, França, Alemanha, Hong Kong e Japão).

Para Lauren Goode, do site especializado Re/Code, o "Apple Watch não é para todo mundo", a começar porque nem todo mundo tem um iPhone 5 ou superior, com os quais o aparelho é compatível.

Eric Risberg/AP
Apple Watch em exposição após evento em San Francisco que detalhou mais recursos do relógio inteligente
Apple Watch em exposição após evento em San Francisco que detalhou mais recursos do relógio inteligente

"Nem todo mundo quer o pulso vibrando com notificações, acha 'emojis' animados fascinantes ou precisa controlar uma Apple TV com o pulso", reflete.

A proposta do relógio é poupar tempo. O aparelho, ao ser sincronizado com o iPhone, mostra notificações de aplicativos, e-mails e condições de trânsito. E, claro, a hora. Enquanto isso, o celular pode continuar no bolso.

Mas a impressão é que os usuários, mesmo aqueles bastante acostumados com tecnologia, vão demorar um pouco até entender a mecânica do relógio e como interagir com ele.

Farhad Manjoo, do "New York Times, diz que levou "três dias longos e frequentemente confusos e frustrantes" até que ele se apaixonasse pelo aparelho. "Mas quando aconteceu, foi forte."

ALERTAS

Para notificar o usuário sobre uma mensagem, um e-mail ou um compromisso marcado, por exemplo, o relógio faz pequenos toques diferentes no pulso do usuário –é algo diferente da vibração mais intensa dos celulares. Com isso, não seria preciso ficar olhando para a tela o tempo todo, como acontece nos smartphones.

Alguns analistas reclamaram de não poder escolher qual toque é usado para cada alerta, mas, ao que parece, uma vez que as pessoas decoram o que serve para que, há um ganho de produtividade.

"Comecei a ter trechos de informações do mundo digital sem ter que olhar para a tela, ou, se eu tive que olhar, foi por alguns segundos, em vez de minutos", diz Manjoo.

Para não ficar com o pulso vibrando o dia todo, é possível escolher, por exemplos, mensagens de quais contatos podem gerar um alerta. "Mas programar tudo isso é uma tarefa tediosa e, infelizmente, sem fim", disse Geoffrey A. Fowler, do "Wall Street Journal.

É possível também enviar mensagens por meio de apps da Apple, como o iMessage, ditando o texto para o assistente pessoal Siri. Os comandos de voz, aliás, são a principal forma de interação com o aparelho.

"Eu me acostumei a chamar o Siri para acionar cronômetros enquanto eu estava cozinhando ou para dar uma olhada no clima enquanto estava dirigindo. E também me acostumei a ela entendendo os pedidos de modo errado", conta Manjoo. Alguns também contaram que algumas pessoas pensavam que eles estavam conversando com elas, quando na verdade estavam ditando um texto.

LENTIDÃO

Fora a utilidade em si do aparelho, uma das principais críticas dos analistas foi a lentidão do Apple Watch.

Nilay Patel, do site "The Verge", vai logo dizendo que o aparelho que ele testou é "meio lento".

"Às vezes, transferir informações e dados do seu telefone por bluetooth e wi-fi leva muito tempo. Às vezes os apps demoram muito para carregar e às vezes aplicativos de terceiros não abrem mesmo. Às vezes, o aparelho fica fica sem responder por alguns segundos enquanto 'pensa' e ai volta", afirma.

"O aplicativo de mapas, certamente a resposta para os sonhos dos pedestres sem rumo, é tão lento que me fez querer pegar meu Rand McNally de papel", reclamou Fowler, em referência a uma editora de mapas.

Patel, entretanto, diz que o principal destaque do aparelho é o uso do sistema de pagamento Apple Pay, a "carteira virtual" da empresa, ainda não disponível no Brasil.

"Pagar pelo café no The Café Grind em Manhattan envolveu nada mais do que um clique duplo no botão de comunicações do relógio e aproximar meu pulso da máquina de pagamento", conta.

Mas no final, vale a pena? Para Fowler, depende do valor. Nos Estados Unidos, o modelo mais barato, em alumínio, sai por US$ 349. O valor depende do material (alumínio, metal ou ouro), da espessura (38 mm ou 42 mm) e do bracelete (do couro ao metal). A parte técnica é a mesma.

"Eu não vou pagar os US$ 1.000 pelo modelo que eu testei", diz. "Mas planejo pagar US$ 400 pelo modelo de 42 mm na versão esportiva quando as vendas começarem. Vale a pena para estar na primeira fila do que está por vir na tecnologia".


Endereço da página:

Links no texto: