Folha de S. Paulo


Carros do Uber superam número de táxis em NY; Alemanha proíbe app

A quantidade de veículos compartilhados pelo aplicativo Uber, que conecta motoristas a pessoas que buscam carona, já superou o número de táxis em Nova York, segundo a TLC (comissão que licencia esses profissionais na cidade).

Os últimos dados publicados pelo departamento revelam que há 14 mil veículos de luxo do Uber nas ruas nova-iorquinas e 13,6 mil táxis. Mas os taxistas ainda fazem dez vezes mais viagens que os motoristas da start-up (empresa iniciante de tecnologia).

Um dos motivos para o sucesso da empresa é que, em Nova York, o pagamento recebido pelos motoristas que usam o serviço é quase o dobro da remuneração dos taxistas. Além disso, os motoristas podem trabalhar em meio-expediente.

Richard Perry/The New York Times
Travis Kalanick, criador do aplicativo para chamada de caronas Uber, em táxi chamado a partir da ferramenta em Nova York
Travis Kalanick, criador do aplicativo para chamada de caronas Uber, em táxi chamado a partir da ferramenta em Nova York

A chefe da TLC, Meera Joshi, demonstrou preocupação a respeito da metodologia usada pelo Uber, pois os usuários do aplicativo não precisam pagar taxas extras à Autoridade Metropolitana de Transporte (MTA, em inglês) e porque seus veículos sobrecarregam ainda mais as já congestionadas ruas de Manhattan.

A empresa começou a operar em Nova York em 2011 e foi recebida com receio por parte das companhias de táxi desde que foi inaugurada, em 2009, em San Francisco (EUA).

Uma das consequências da implantação do Uber em Nova York foi a queda do preço das licenças que os motoristas precisam pagar para conduzirem um táxi amarelo, o que era considerado um valor seguro durante a crise econômica e que agora estaria ao redor de US$ 840 mil.

PROIBIÇÃO

Enquanto isso, na Alemanha, por determinação de um tribunal da cidade de Frankfurt nesta quarta-feira (18), o aplicativo foi proibido de operar em todo o território do país por burlar as leis de transporte.

A decisão judicial dá razão aos taxistas ao lembrar a necessidade de os motoristas contarem com uma licença administrativa para transportar passageiros. A empresa anunciou que entrará com um recurso.

O tribunal não aceitou os argumentos da defesa da Uber, que afirmou que a ferramenta é apenas um intermediário que se limita a colocar passageiros e motoristas em contato, por isso cada usuário pode decidir livremente se o serviço será pago ou qual a quantia.

O Uber opera em Frankfurt, Berlim, Hamburgo, Munique e Düsseldorf na Alemanha. Em todas essas cidades o aplicativo foi parar nos tribunais devido às reclamações dos taxistas, assim como em outros países.

No ano passado, o mesmo tribunal já tinha proibido o aplicativo, mas a resolução provisória foi anulada em setembro após o órgão considerar que não havia motivos para aplicar um procedimento de urgência no caso.

Em comunicado, a Uber lamentou a decisão judicial e considerou que a determinação infringe o direito europeu de estabelecer e proporcionar um serviço, por isso fez uma denúncia contra a Alemanha à Comissão Europeia (CE).

O diretor-geral da Uber em Munique, Fabien Nestmann, destacou a boa aceitação da plataforma na Alemanha e explicou que a empresa desenvolve um sistema alternativo de transporte compartilhado "especificamente para que se encaixe no que o tribunal interpreta sobre as regulações existentes".

Nestmann também afirmou que a empresa continuará com o diálogo já iniciado com políticos e reguladores para criar "um acordo com visão de futuro para o transporte de passageiros".

Diversas organizações de taxistas alemãs mostraram satisfação ao saber que suas reivindicações foram reconhecidas pela Justiça.

"Finalmente foi decidido no âmbito judicial que o modelo de negócio do Uber vulnera a lei do transporte de passageiros", ressaltou em comunicado o presidente da Associação Alemã de Táxi e Veículos de Aluguel, Michael Müller.

Após lembrar que o sistema de licenças protege o passageiro e também a qualidade do serviço, Müller disse que os taxistas apostam na livre concorrência, o que implica que todos os agentes cumpram os mesmos requisitos.


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