Folha de S. Paulo


Análise: 'Alien: Isolation' é frustrante, e isso é ótimo

Uma mistura de felicidade e alívio tomou conta de mim quando surgiram na tela da televisão os créditos de "Alien: Isolation", game de sobrevivência em primeira pessoa inspirado na franquia de ficção científica "Alien".

Foram aproximadamente 20 horas de jogo, com alguns sustos, cenários belíssimos para explorar e uma sensação constante de pânico propiciada pela busca do ponto de salvamento mais próximo.

"Alien: Isolation" não tem muita simpatia pelo jogador. Você vai morrer muito, de várias maneiras. Até mesmo no modo mais fácil. A ponto de tornar a experiência momentaneamente frustrante.

Fugir de um alienígena letal enquanto tenta escapar de uma estação espacial abandonada não é tarefa fácil, especialmente quando ser capturado pelo monstro significa "renascer" em um ponto distante.

O game até tem o recurso de salvamento automático. Mas, na maioria das vezes, é preciso fazer isso manualmente, em terminais de emergência, acoplados às paredes da nave, que podem ainda atrair inimigos próximos pelo barulho.

Essa opção de design, às vezes decepcionante, torna o game muito mais desafiador e combina com o clima de suspense e tensão oferecido do começo ao fim, graças também aos ótimos efeitos sonoros.

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

Para entender a linha do tempo: "Alien: Isolation" é uma sequência direta do primeiro filme da franquia, lançado em 1979, sob a direção de Ridley Scott.

No jogo, Amanda Ripley viaja até a estação espacial Sevastopol para encontrar informações sobre a destruição da nave comercial Nostromo e o desaparecimento de sua mãe, Ellen Ripley, protagonista do longa-metragem.

Há muito abandonada, a Sevastopol é lar de alguns poucos sobreviventes desesperados que não conseguiram resgate e androides que perderam o controle e enxergam os humanos como ameaça.

Todos eles impõem risco de vida ao jogador, com exceção de alguns aliados. Mas é o alienígena que tem os sentidos mais aguçados e não pode ser morto. No máximo, afastado com o lança-chamas obtido na metade da narrativa.

A Creative Assembly, desenvolvedora do game, fez questão de que a criatura não tivesse padrões de locomoção. Ou seja, sua inteligência artificial é dinâmica e imprevisível.

Isso faz com que o alien se movimente livremente pelo mapa, seja pelos corredores da estação ou pelos dutos de ventilação. Qualquer barulho ou luz pode atraí-lo. Itens como sinalizadores e criadores de ruídos em seu arsenal podem fazer a diferença.

Não é um sistema perfeito. Em três ocasiões, o alienígena ficou imóvel nos dutos sobre minha cabeça, mesmo depois de ter me escondido embaixo de uma mesa e feito o mais absoluto silêncio.

SUSPENSE

"Alien: Isolation" é um game de ritmo lento. Pelo menos até suas horas finais, quando se torna mais dinâmico e o combate com inimigos é inevitável. No mais, prepare-se para passar bastante tempo escondido em armários e evitar ao máximo utilizar suas armas de fogo.

Vídeo

O alienígena demora a aparecer, e o game faz um bom trabalho para construir o suspense até o aguardado momento. Depois, sua presença se torna recorrente o bastante para que seja mais um fardo do que um elemento de medo.

Ainda assim, não houve um instante em que não quis vestir um dispositivo de realidade virtual para encarnar Amanda Ripley nessa brincadeira de esconde-esconde mortal no espaço.

Exceto quando o jogo engasgava e tudo ficava horrivelmente lento por três ou quatro segundos. Em fóruns na internet, outros usuários do Xbox One também relataram esse problema.

Lançado em setembro, "Alien: Isolation" está disponível para Xbox 360, Xbox One, PS3, PS4 e PC. Vale jogar com luzes apagadas e volume alto. Se possível, com fones de ouvido.


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