Folha de S. Paulo


Netflix já ocupa 1/3 da internet nos EUA e no Canadá à noite

Estudo da empresa de banda larga canadense Sandvine mostra como o Netflix transformou o consumo de vídeos na internet e aos poucos está extinguindo o BitTorrent –a tecnologia de troca de arquivos entre usuários popularizada por burlar o pagamento de direitos autorais.

Segundo o Relatório dos Fenômenos da Internet Global, lançado no fim do mês passado, o Netflix –que exibe os vídeos ao mesmo tempo em que os baixa e tem 53 milhões de assinantes em 50 países– já responde por 32,4% de toda a troca de dados no horário de pico nos EUA e no Canadá, à noite.

Se considerado só o que é baixado, a fatia do site é de 34,9%, 10% maior do que era há um ano. Os números só levam em consideração dados trocados de um computador ou laptop, e não por celular.

Mike Blake - 14.out.14/Reuters
Imagem ilustrativa mostra logotipos do Netflix nos EUA
Imagem ilustrativa mostra logotipos do Netflix nos EUA

O YouTube, em segundo lugar, ocupa 13,25% da banda de dados. Já o BitTorrent responde por 5% dos dados na região, e a troca de arquivos entre usuários como um todo, que ocupava 31% da banda em 2008, hoje é de 7%.

"Desde 2009, serviços por demanda vem consumindo mais banda do que aplicações para baixar e assistir depois, como os arquivos trocados de usuário para usuário", diz o relatório da Sandvine.

"Projetamos a queda abaixo dos 10% para 2015, mas aconteceu muito mais cedo."

Outros serviços do tipo, como o Instant Video da Amazon e o Hulu, disponíveis nos EUA, também crescem.

A mudança de paradigma, porém, não ocorre só na América do Norte, onde a ideia de se pagar pelo consumo de entretenimento e informação na internet é mais antiga, e, portanto, mais bem aceita.

Na América Latina, o serviço já responde por 5,5% do que é baixado, contra 31,7% ocupado pelo aplicativo de vídeos YouTube.

Apesar de modesta, a fatia mais que duplicou em 12 meses (era de 2,2%). Equivale à do Facebook e avança sobre a do BitTorrent, que é de 7,42%.

O serviço é menos disseminado na Europa, onde o YouTube responde por 22,4% do que é baixado. Na Ásia, onde o serviço de streaming não atua, o YouTube tem a maior fatia (23,7%), e, na África, lideram sites comuns (22,9%).

O relatório se baseia em dados de empresas parceiras da Sandvine em todos os continentes, com registros capturados de usuários de maneira anônima durante um mês.

NEUTRALIDADE DA REDE

O avanço dos serviços de vídeo por demanda online têm afetado o mercado de mídia e alimentado o debate sobre a "neutralidade da rede" –se provedores têm ou não direito de cobrar mais de sites que ocupem mais banda.

Nos EUA, onde internet e TV a cabo também são ofertadas pelas mesmas empresas, o tema está em debate público, e o lobby sobre os reguladores pelo "pedágio" on-line cresce. Em novembro, o presidente Barack Obama se declarou contra a cobrança.


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