Folha de S. Paulo


Forma pela qual lágrimas passam pela córnea pode ser solução de biometria

As lágrimas podem expor nossas emoções mais íntimas -e também poderiam ajudar a proteger nossas informações mais privativas na web.

O optometrista australiano Stephen Mason descobriu uma nova maneira de usar leitura digital das lágrimas das pessoas para transformá-las em senhas, o que ele define como "o primeiro sistema de senha biométrica do planeta".

O foco dele é a córnea, e não a íris, que costuma ser usada como norma na maior parte dos sistemas de leitura ocular, porque os criminosos cibernéticos não têm como copiar a maneira pela qual as lágrimas mudam os olhos.

O leitor desenvolvido por ele consegue reconhecer uma pessoa porque cada córnea tem um mapa único. Mas, se um criminoso tentar utilizar os dados deixados por uma pessoa, a máquina descobriria e consideraria a tentativa inválida, porque nenhuma pessoa teria leituras idênticas em dois ou mais acessos.

"A superfície da córnea fica úmida de lágrimas, de modo que nossos dados variam de momento a momento", ele disse. "Cada conjunto de dados que capturo de qualquer olho oferece variações realmente minúsculas."

A esperança é que essa tecnologia possa ser incluída em celulares inteligentes, com os quais poderia ser usada para confirmar pagamentos e permitir acesso a serviços como e-mails ou documentos sensíveis on-line. Também poderia ser incorporada a caixas eletrônicos ou portas.

Darren Staples/Reuters
Leitor criado por optometrista australiano permitirá usar córnea como
Leitor criado por optometrista australiano permitirá usar córnea como "senha"

FOTOS ÍNTIMAS

De fotos íntimas roubadas de contas de celebridades no serviço iCloud e divulgadas na internet a um ataque à cadeia Home Depot -a maior violação de segurança conhecida em um grupo de varejo-, a ascensão do crime cibernético vem promovendo uma busca mundial por maneiras melhores de confirmar a identidade das pessoas.

Senhas simples continuam a ser o meio mais comum de proteção aos dados individuais, mas muitos especialistas e companhias de tecnologia acreditam que elas sejam ultrapassadas e pretendem recorrer a meios biométricos para substituí-las.

A Identity X, uma companhia de segurança sediada nos Estados Unidos, usa identificação por voz como meio de reconhecer as pessoas que tentam obter acesso remoto a serviços bancários.

O banco Barclays vai usar scanners no Reino Unido para identificar clientes pessoa jurídica por meio dos padrões das veias em seus dedos.

Entre as companhias que usam leitores mais convencionais de impressões digitais estão a Apple, que equipou seus modelos iPhone 5 e iPhone 6 com esse recurso; Samsung, que tem um sistema como esse em seu celular Galaxy mais recente; e Lenovo, a fabricante chinesa de computadores, que usa leitores de impressões digitais em seus laptops Thinkpad.

Vinny Sakore, gerente de segurança de computação em nuvem na International Computer Security Association Labs, disse que senhas provavelmente são o principal motivo para que sistemas sejam violados.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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