Folha de S. Paulo


Produção de lixo eletrônico cresceu cinco vezes nos últimos 15 anos, diz ONU

Milhões de celulares, câmeras digitais, computadores, tablets e outros gadgets eletrônicos acabam a cada ano no lixo comum, o que representa um enorme perigo para a saúde e para o meio ambiente, segundo adverte as Nações Unidas.

E o problema só cresce. Se no ano 2000 foram produzidas cerca de 10 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos, agora são 50 milhões.

Esse número significa que cada habitante do planeta produz em média sete quilos de lixo tecnológico e os cálculos da ONU preveem que nos próximos três anos esses resíduos aumentarão em um terço.

O lixo per capita produzido varia de acordo com a riqueza e consciência ambiental de cada país, e vai desde os 63 quilos gerado por um cidadão do Catar, passando pelos quase 30 quilos de um americano, os 23 quilos de um alemão, os 18 quilos de um espanhol, os sete quilos de um brasileiro ou os 620 gramas de um malinês.

O Escritório das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (ONUDI), com sede em Viena, calcula que em 2016 os países em desenvolvimento produzirão mais lixo eletrônico que os industrializados.

Apu Gomes/Folhapress
Lixo eletrônico descartado indevidamente em calçada, na zona norte de São Paulo
Lixo eletrônico descartado indevidamente em calçada, na zona norte de São Paulo

AGENDA POLÍTICA

Ruediger Kuehr, secretário-executivo da Step –iniciativa lançada pela ONU para promover a reutilização e aumentar o ciclo vital dos produtos eletrônicos–, reconhece que o assunto está começando a figurar na agenda política internacional, embora ainda seja um problema ambiental subestimado.

"Estamos muito no início. Não podemos dizer que estamos em um bom caminho, por enquanto, mas pelo menos está ocupando um espaço na agenda política", explicou o especialista alemão à "Agência Efe" em Viena.

"Os governos conscientes sabem que isso é uma bomba-relógio e que devem tomar decisões", afirmou.

Segundo ele, o problema afeta todos os países, porque em nenhum lugar se recicla o suficiente, falta conscientização e há uma visão subdimensionada dos riscos.

O executivo defende campanhas públicas e educativas para conscientizar as pessoas sobre o impacto do lixo eletrônico no meio ambiente, e esclarece que se não forem dadas respostas a esta situação "será difícil criar inovações tecnológicas sustentáveis" no futuro.

Para este especialista, o objetivo de longo prazo é "fechar o ciclo e chegar a um modelo sustentável", no qual as empresas possam criar novos equipamentos utilizando materiais dos antigos.


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