Fernando Terni, 57, foi presidente da Nokia no Brasil durante a época de ouro da companhia no país, de 2002 a 2005. Na época, a empresa não tinha dificuldades para comercializar celulares –quase toda produção da fábrica de Manaus era vendida no Brasil ou exportada.
Atualmente, ele é presidente da Alliar, empresa de medicina diagnóstica. Confira os principais trechos da conversa de Terni com a Folha:
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Qual a foi a importância da Nokia para o Brasil?
A Nokia marcou a mudança dos aparelhos analógicos para os aparelhos digitais e trouxe o conceito de um modelo de celular para cada estilo de vida. Também fomos responsáveis em trazer um novo conceito de interface para o celular com menus bastantes intuitivos. Uma vez que se acostumava com eles, não se queria outra coisa.
Você deixou a Nokia antes do iPhone –na época, a Nokia era a maior fabricante de celulares do mundo. Havia algum sentimento dentro da empresa de "somos imbatíveis" ou de que nada poderia mudar tão radicalmente o mercado?
Existia, sim, uma certa arrogância nos finlandeses em aceitar um novo caminho. É difícil mexer em quem está ganhando o jogo de lavada. Penso que a arrogância pode ter trazido uma certa miopia, intensificada pelo fato de o iPhone, quando foi lançado, ser um celular de nicho. Mas, na verdade, quem mudou o cenário foi o Android.
Em sua opinião, quais foram os erros da Nokia?
O que houve foi uma incapacidade de evoluir tecnologicamente em um novo campo: sistema operacional para smartphones.
Poderia se dizer que demoraram muito para perceber que este era o caminho definitivo e insistiram muito tempo com um sistema que não vingou. Os finlandeses lutaram para manter a hegemonia com o Symbian. Fracassaram.
Qual é a marca do seu smartphone atualmente?
Acabo de comprar um iPhone 6. Tenho também um Galaxy S5, da Samsung. Mas prefiro o iPhone porque trabalho com um Mac.