Folha de S. Paulo


Netflix enfrenta desafio de idiomas na próxima fase de expansão na Europa

Quando o Netflix lançar seu serviço de transmissão de vídeo na França e na Alemanha na semana que vem, a companhia terá que lidar com a preferência local por ver conteúdo em seus idiomas nativos –além da presença de concorrentes formidáveis na TV paga.

O crescimento e a lucratividade da companhia californiana depende do próximo capítulo de sua expansão internacional de quatro anos, na qual o serviço deve entrar em seis países europeus, incluindo Suíça, Áustria, Bélgica e Luxemburgo.

A jogada vai expandir o mercado potencial do Netflix para 180 milhões de moradias –o dobro do número de casas com conexões de banda larga onde o serviço tem 36 milhões de clientes e consome até um terço da banda larga das redes de telecomunicação em horários de pico.

O presidente-executivo Reed Hastings deve andar por uma corda-bamba ao lançar o serviço em novos países, segundo o analista Toby Syfret da Enders Analysis, pois o grupo precisa absorver significativos custos de conteúdo e outros de investimentos para se estabelecer em cada mercado antes de alcançar a lucratividade.

"Acredito que a Netflix vai enfrentar um teste muito mais duro na França e na Alemanha devido à questão do idioma", disse Syfret.

Quando franceses e alemães assistem a filmes e séries de TV americanas, o conteúdo tende a ser dublado e não legendado, um fator que pode frear o Netflix.

"[O Netflix] precisará investir em conteúdo localizado, mas a questão continua a ser se conseguirá pagar por isso e por quanto [disso]".

As operadoras de TV paga Canal Plus na França, controlada pela Vivendi, e a alemã Sky Deutschland, já lançaram serviços de transmissão de vídeo para amortecer o impacto da chegada do Netflix.

Elas apostam que suas marcas estabelecidas e conteúdo exclusivo, especialmente esportes ao vivo, manterão consumidores leais às suas principais assinaturas de TV paga, apesar de preços mais altos, mesmo que alguns experimentem o Netflix em paralelo.

A companhia disse que suas operações internacionais terão prejuízo de cerca de US$ 42 milhões (€ 32,45 milhões) no terceiro trimestre, enquanto seus gastos em conteúdo no geral vão atingir quase US$ 3 bilhões neste ano.


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