Quase 20 anos após ser o assunto mais quente do mundo da tecnologia e em seguida quase desaparecer, a realidade virtual vive novo momento de euforia.
Na semana passada, a Samsung tornou-se a mais nova gigante a entrar no segmento. A companhia anunciou na IFA, uma das mais importantes feiras de tecnologia do mundo, o Gear VR. O acessório é um óculos que usa como fonte das imagens o Galaxy Note 4, mais novo smartphone da companhia.
Os óculos são resultado de um ano e meio de trabalho entre a Samsung e a Oculus, principal nome no ressurgimento da realidade virtual. A empresa é a criadora do Rift, óculos de realidade virtual que levantou US$ 2,4 milhões no Kickstarter em 2012.
O barulho por conta do acessório foi tão grande que chegou aos ouvidos de Mark Zuckerberg. Em julho passado, o Facebook desembolsou US$ 2 bilhões pela Oculus. E o prazo de entrega do Rift é apenas 2015.
Antes do negócio, a Sony também tinha apresentado seus planos para entrar no setor. A companhia revelou em março o projeto Morpheus, nome não oficial para um óculos que será compatível com o Playstation 4 e o PS Vita –os jogos são atualmente uma das principais molas propulsoras do novo status da realidade virtual.
Outro elemento importante é o Google. A companhia está disposta a disseminar a realidade virtual.
No último Google I/O, seu principal evento do ano, a empresa distribuiu kits para a construção de óculos de realidade virtual usando papelão. Como no caso do Gear VR, o smartphone é quem produz a imagem.
Claro, ao facilitar o acesso ao hardware, a gigante das buscas espera aumentar o público potencial da tecnologia, o que seria um grande incentivo para que desenvolvedores criem apps para Android. No modelo do Google, qualquer smartphone com Android poderá ser uma central de realidade virtual.
A notícia é ótima para o segmento, pois conteúdo é um fator crucial para que qualquer nova tecnologia decole (o 3D, por exemplo, secou sem conteúdo). No I/O, foram feitas demonstrações com o Street View, o YouTube, entre outros produtos.
MERCADO
Da mesma forma, a entrada da Samsung pode ser vista não como apenas mais uma opção de hardware para o consumidor. A importância também se dá pelo investimento que o setor receberá –vale lembrar que, no ano passado, a Samsung gastou US$ 14 bilhões em marketing.
No evento na IFA, a Samsung anunciou diversas parcerias para levar conteúdo de realidade virtual para seus produtos. Entre os parceiros estão grandes estúdios (Warner, Fox, Marvel, Dreamworks e Paramount), produtoras de games (Harmonix e Imangi Studios) e empresas de entretenimento (Cirque Du Soleil e Vevo).
Embora as partes não admitam, esse pode ser um fator que colaborou para que o Facebook permitisse a parceria entre Oculus e Samsung.
"As duas empresas vão ganhar, pois esse é um segmento com muitas oportunidades", diz Roberto Soboll, diretor de produto da área de telecomunicação da Samsung.
Tamanho otimismo também agita empresas desconhecidas. Um dia antes da Samsung, uma empresa chamada Vortex anunciou um acessório parecido com o Gear VR. O VRTX1, porém, é feito para o LG G3. "Ao contrário de nos anos 1990, a tecnologia agora é capaz de entregar a experiência de realidade virtual", diz Soboll.
O repórter BRUNO ROMANI viajou a convite da Samsung
| Editoria de Arte/Folhapress | ||
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