Folha de S. Paulo


Quadrinhos digitais ainda engatinham no país

Se os quadrinhos digitais vivem uma fase de crescimento no mundo, no mercado brasileiro eles engatinham.

Há poucas publicações em português e falta uma loja no formato da Comixology para reunir os principais autores e editoras. A produção nacional fica pulverizada –entre iTunes, Amazon e a própria Comixology- ou arrisca-se em aplicativos próprios.

Chama a atenção o fato de as iniciativas digitais no país partirem do mercado independente. Grandes editoras estrangeiras que têm versões traduzidas nas bancas, como a DC, não possuem publicações em português. A exceção é a Marvel, que vende revistas em 12 idiomas em seu app -mas as traduções não são de excelente qualidade.

Além disso, grandes nomes genuinamente brasileiros, como a Turma da Mônica, estão ausentes de tablets.

"O mercado nacional ainda não tem a mesma força que o mercado americano. Mas já temos um projeto para lançar nossos gibis para tablets e smartphones", diz Marcos Saraiva, responsável pela divisão digital da Mauricio de Sousa Produções.

O IVC (Instituto Verificador de Circulação), por exemplo, acompanha apenas dados das versões impressas de revistas de personagens da Disney e da Turma da Mônica.

"Tablets e smartphones são importantes porque trazem um jeito fácil e seguro para o leitor pagar R$ 1 ou R$ 2", diz Heinar Maracy, diretor da Digisa, empresa que faz a revista "Siebercomix", do cartunista Allan Sieber. "Ainda não temos um caso de sucesso porque a oferta é pouca, e o público leitor, também."

Mas há potencial. Em 2013, o Brasil apareceu entre os dez países em que o Comixology foi o app de iPad mais lucrativo –sem contar games.

Para Fabiano Denardin, criador da loja de HQs digitais Mais Gibis, faltam duas coisas para o mercado crescer no país: melhorar a oferta e consolidar a plataforma.

"Mais conteúdo trará mais público, mais público trará mais produção. Pelo menos, em teoria, é assim que funciona", diz ele. "Acredito que muita coisa deva acontecer entre este ano e o próximo no Brasil."

Editoria de Arte/Folhapress

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