Folha de S. Paulo


Entrada de gigantes movimenta mercado de 'casa inteligente'

Algumas das tecnologias mais relevantes são as que se tornam parte do ambiente. Quando surgiu, o controle remoto era extraordinário; hoje, é banal. Ou, como escreveu Mark Weiser –pai da computação ubíqua (onipresente)–, são tecnologias que "tecem-se na trama da vida cotidiana até se tornarem indistinguíveis dela própria".

Geladeiras, máquinas de lavar, gavetas e objetos do dia a dia capazes de se conectar à rede são bons candidatos a integrar a categoria. A possibilidade se tornou mais factível na segunda passada (2), quando a Apple anunciou o HomeKit, pacote que permitirá a aparelhos da marca controlar casas conectadas.

O lançamento não trouxe novidades técnicas ao ramo da automação residencial, como é conhecido o nicho de mercado que se propõe a transformar a casa dos Flintstones no lar dos Jetsons.

Editoria de Arte/Folhapress

Mas a entrada de gigantes da tecnologia no negócio sinaliza sua importância. Em janeiro, o Google comprou por US$ 3,2 bilhões a Nest Labs, uma das principais empresas de hardware de automação residencial. No ano passado, a Microsoft incorporou a companhia R2 Studios, também do filão, à equipe responsável pelo Xbox.

Outras empresas especializadas também cresceram. Uma das maiores, a Vivint, foi comprada por US$ 2 bilhões por um fundo de investimento. Mesmo assim, controle de luz e eletrodomésticos inteligentes continuarão sendo mimos para poucos.

LINGUAGEM

A falta de padrão na linguagem usada para as máquinas se comunicarem é um dos empecilhos para as "casas inteligentes" se popularizem.

"Conforme passa a receber informações de zilhões de sensores, um sistema precisa de meios para reconhecer de onde essas informações estão vindo", escrevem Daniel Kellmereit e Daniel Obodovski no livro "The Silent Intelligence" ("A Inteligência Silenciosa", em tradução livre).

Na obra, os autores explicam outros dois fatores cruciais para que a "internet das coisas" engrene, além da queda de preços. Primeiro, a miniaturização de aparelhos. Segundo, a ausência de fios.

Ambas as determinantes estão se concretizando. "É possível fazer quase tudo sem fio", diz Nei Pereira Junior, da empresa GF Home e Automação, que calcula realizar entre 120 e 150 projetos por ano.

A novidade chegou ao mercado imobiliário de luxo em São Paulo e no Rio, onde a maioria dos empreendimentos vem preparada para automação, afirma Felipe Gásparo, engenheiro da GDS.

"Costumamos trabalhar em parceria com arquitetos, que planejam as cenas montadas por nós", explica o engenheiro Gabriel Kokkinos, sócio da HGX Automação.

Tal conectividade pode pesar na estrutura das cidades –apesar de os aparelhos serem mais eficientes, o gasto de energia e o tráfego de dados crescem. A Ericsson estima que, em 2020, haverá 50 bilhões de aparelhos on-line.

"Essas coisas não estarão mais apenas em nossos bolsos", disse Assaf Biderman, diretor do laboratório que estuda cidades do MIT (Instituto Tecnológico de Massachusetts), durante evento em São Paulo no ano passado. "Estarão na nossa infraestrutura."

O repórter YURI GONZAGA viajou a convite da Apple


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