Folha de S. Paulo


Software brasileiro capta emoções pelo movimento da face

Os fãs de ficção científica irão se identificar com o tema: reconhecimento de emoções através do movimento dos músculos da face. Assim como em alguns filmes e séries futuristas, a professora da Fatec (Faculdade de Tecnologia) de Carapicuíba Ana Carolina Gracioso está desenvolvendo um software que se propõe a captar as emoções das pessoas com a utilização de uma webcam.

O software batizado de "WebSER" utiliza a plataforma aberta da web. Com o auxilio de uma webcam, ele capta a imagem de quem está em frente ao computador e localiza 20 pontos chaves da face, podendo identificar as emoções do usuário. O software utiliza como ponto de partida uma das teorias do psicólogo Paul Ekman, que, inclusive, inspirou um seriado que fala sobre o assunto, o norte-americano "Lie to me".

De acordo com ele, as expressões humanas são inatas e universais. "Se uma pessoa crescer isolada, longe da civilização, irá expressar felicidade da mesma forma que as outras pessoas", explica a professora, que realizou uma palestra na quinta-feira (30), na Campus Party.

Desta forma, é possível mapear nossa expressões faciais e traduzi-las em emoções. O projeto teve início através de uma parceria com o Hospital das Clínicas e visava identificar as emoções de pacientes em estado de consciência mínima.

Por enquanto o software ainda não está disponível no mercado. A professora irá utilizá-lo em sua tese de doutorado, mas pretende colocar na rede o código para quem quiser aperfeiçoá-lo e até mesmo comercializado, não precisando haver vínculo com ela.

De acordo com Ana Carolina, já existem no mercado alguns programas semelhantes. Um exemplo é um software utilizado por empresas de marketing. Uma empresa paga para que pessoas de um determinado perfil assistam o comercial que deverá veicular na televisão.

Através das expressões faciais, é possível saber se ele foi bem recebido ou não. Neste caso, as pessoas são pagas para que suas expressões sejam avaliadas. Mas e se forem avaliadas sem consentimento? "O ser humano já faz isso o tempo todo. A polícia faz isso", diz a professora.

Ela, no entanto, destaca que é preciso continuar o debate sobre esse assunto para definir até que ponto seu uso é ético. "Se uma empresa colocar um software desses para avaliar o comportamento de seus clientes na vitrine, por exemplo, talvez seja o caso deixá-los cientes", explica.


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