Folha de S. Paulo


Alemanha considera equipar policiais com app para identificar músicas neonazistas

Autoridades alemãs estão considerando equipar a polícia com um aplicativo para smartphones que reconheceria instantaneamente músicas neonazistas ilegais.

Já apelidado de "Shazam nazista", em referência ao programa de identificação de música, o app permitiria às autoridades reagir instantaneamente caso canções de extrema direita fossem reproduzidas em rádios, shows, boates ou demonstrações.

Os ministros do Interior das 16 regiões da Alemanha discutirão a nova prática numa reunião em Osnabruck nesta semana.

Consideradas por especialistas uma "droga de entrada" à cena neonazista, 1.090 trilhas com mensagens racistas ou de extrema direita são atualmente indexadas pelo BPjM (um órgão de proteção de menores), restringindo a venda delas e tornando-as inacessíveis a pessoas com idade inferior a 18 anos.

Entre elas, estão marchinhas nazistas tradicionais e canções mais recentes, de bandas como Hate Society, Zyklon B e do grupo britânico Skrewdriver.

Simone Rafael, do site Network Against Nazis [rede contra nazistas], disse que aprovava a iniciativa e que ajudaria a polícia ou guardiões a comparecerem em eventos de extrema direita.

"A música é, sem dúvidas, um ponto fraco através do qual os jovens podem ser facilmente recrutados para círculos nazistas", ela disse. "Uma canção pode ligar adolescentes direto à ideologia transmitida nas letras."

Em 2004, grupos de extrema direita tentaram recrutar jovens distribuindo compilações de músicas em pátios de escolas e centros juvenis.

Comumente chamadas "rechtsrock", canções neonazistas são musicalmente diversas na maioria das vezes, indo de punk a heavy metal, e do folk para o rap. "Já temos praticamente tudo, com exceção de bandas neonazistas de swing", disse o especialista em extrema direita Bernd Wagner.

Rafael disse que o único problema era que os grupos de extrema direita já haviam aprendido a evitar as canções indexadas pelo governo, favorecendo canções de folk mais novas de cantores e compositores nacionalistas, como Frank Rennicke, ou músicas alemãs de punk com uma mensagem mais ampla contra a ordem social.


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