Folha de S. Paulo


Tablet da Sony com Android tem bom desempenho, mas não vale o preço

O Sony Xperia Tablet Z é um dos melhores tablets com Android do mercado, mas não é uma boa compra. Esse paradoxo é causado por, basicamente, dois motivos: software falho e preço alto.

O grande problema do software do Xperia é a interface de seu sistema. O visual do Android 4.2 é bom para aparelhos menores, como celulares e tablets com tela de 7 polegadas. Mas não funciona tão bem em dispositivos maiores, como o Xperia e sua tela de 10,1 polegadas.

Na versão anterior (4.1), o Android tinha uma boa interface em tablets grandes. Seus principais comandos concentravam-se em uma barra na parte inferior da tela --os botões voltar, tela inicial e aplicativos recentes ficavam no canto inferior esquerdo; as notificações e o relógio, no inferior direito. Ou seja, próximos aos polegares, o que facilitava o uso, principalmente com o aparelho na posição paisagem ("deitado").

No Android 4.2, os três botões ficam no centro da barra inferior, e as notificações, em uma barra superior. A nova organização dificulta o acesso aos comandos, e a barra superior diminui a área útil da tela.

Aém disso, o gesto para exibir as notificações nem sempre funciona, e é impossível travar a orientação da tela no modo retrato --desativar a rotação automática faz com que o tablet volte para a posição paisagem, mesmo com ele na vertical.

O mais frustrante: o aparelho testado pela Folha veio com o Android 4.1 (como o da foto). Atualizar o sistema para a versão 4.2 deixa-o pior, pelo menos em relação à interface. E não estamos sós nessa avaliação. Em um fórum de discussões no site da Sony, vários usuários manifestam seu desejo de voltar para a versão 4.1 --o que não é possível de maneira oficial. Um chega a dizer que "o fato de o tablet ser resistente à água não significa que ele será usado por um polvo".

O Xperia inclui recursos interessantes, como um programa de controle remoto (compatível com aparelhos de diferentes marcas), suporte ao controle DualShock 3 (do PlayStation 3) e alguns miniaplicativos (calculadora, navegador etc.) que funcionam em janelas, sem ocupar toda a tela. Mas, no geral, as falhas de software afetam muito a experiência de uso.

HARDWARE

O hardware, por sua vez, não compromete. O aparelho é mais fino e quase tão leve quanto o recém-lançado iPad Air (0,69 cm e 495 g contra 0,75 cm e 478 g do modelo da Apple). Tem visual sóbrio, sem frescuras, e construção sólida, com plástico bastante resistente.

Seu grande diferencial é a proteção contra poeira e água --o tablet funciona por 30 minutos submerso, a até um metro de profundidade. Com isso, você pode ficar mais tranquilo ao usá-lo na praia ou na piscina, por exemplo.

As conexões são protegidas por portinhas bem firmes --abri-las não raro é um exercício de paciência. Externamente, o maior problema do Xperia é sua facilidade para acumular sujeira --principalmente nas bordas e na traseira.

A tela de 10,1 polegadas tem 1.920 pixels x 1.200 pixels, ou 224 pixels por polegada --menos nítida que a do iPad ou a do Nexus 10, mas melhor do que a oferecida na maioria dos modelos.

O desempenho é razoável, dentro do que se espera de um tablet topo de linha, com poucos travamentos durante o uso de aplicativos leves. O que incomoda mesmo, como dito no começo do texto, é o software.

E o preço. O Xperia é vendido pela Sony por R$ 2.599.

O iPad de quarta geração, em configuração semelhante (com 3G), é oferecido no site da Apple por R$ 1.949. Não tem vários dos recursos oferecidos pelo Xperia, mas oferece uma experiência de uso bem superior. (Na verdade, se você considera comprar o tablet da Apple, o melhor é aguardar pelo iPad Air.)

Para quem faz questão de Android, a situação é complicada. Há poucas opções boas com tela grande --e, no Brasil, a oferta é ainda mais limitada.

O Galaxy Tab 3 10.1, da Samsung, pode ser encontrado por menos de R$ 1.500, mas tem especificações técnicas inferiores. A maioria dos modelos de outras marcas também está ultrapassada, e duas alternativas à altura, o Nexus 10 e o novo Galaxy Note 10.1 2014, também da empresa sul-coreana, não são vendidas no Brasil.

A falta de concorrentes faz do Xperia o melhor tablet grande com Android do mercado brasileiro. Mas não é uma compra fácil --ela só deve ser realizada se você realmente quiser muito ter um. Na dúvida, não arrisque. Ele não vale o quanto custa.


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