Folha de S. Paulo


Crítica: 'Call of Duty: Ghosts' até diverte, mas passa sensação de jogo repetitivo

Não gostei de "Call of Duty: Ghosts". E o gênero não é o problema, pois sempre fui fã de jogos de tiro.

Desde "Doom" (1993) e "Heretic" (1994) até madrugadas viradas em "Counter Strike" (2000), assassinei milhares de alienígenas, demônios e terroristas virtuais.

Depois disso passei um tempo sem jogar videogames, até que comprei um computador razoável e me reencontrei com o gênero de tiro em "Call of Duty: Modern Warfare 2" (2009).

O hiato de quase uma década me fez amar o jogo. Os bonequinhos com textura de papelão viraram soldados convincentes; armas que antes pareciam atirar estalinhos se transformaram em modelos quase perfeitos, com recuo proporcional e detalhes bastante realistas.

Quatro anos depois ainda não consegui gostar tanto de um "Call of Duty" como daquele. Com "Ghosts" tive a certeza do motivo: todos os jogos da série depois de "MW2" são parecidos demais.

Fraca, a campanha serve mais como um aquecimento para o modo multijogador do que qualquer outra coisa.

O modo on-line pode ser divertido e está mais frenético do que nunca, apesar de os combates estarem muito rápidos; em questão de poucos segundos, você mata ou é morto (e muitas vezes nem vê de onde vêm as balas).

Não há grandes trocas de tiro. Uma vez morto, você reaparece na velocidade da luz, pronto para outra -o ritmo é aceleradíssimo, o que faz a perda de uma vida parecer menos punitiva; para outros, essa dinâmica pode aumentar a diversão.

O modo on-line ganhou algumas modificações, feitas para melhor acolher novos jogadores e dinamizar a personalização dos soldados. Fãs mais fervorosos podem apontar pequenos ajustes como grandes inovações, mas a verdade é que não há nada em "Ghosts" que justifique um investimento de R$ 200.

É um bom jogo, fato, mas só o compre se você se contenta com mais do mesmo.

Em resumo, a sensação é a de ouvir o mesmo álbum de uma banda ano após ano, com uma faixa bônus.


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