Folha de S. Paulo


Relógio inteligente da Samsung opera de forma burra

Um dos benefícios dos relógios inteligentes é diminuir um pouco a ansiedade provocada pelas dezenas de notificações que recebemos diariamente. Você sente uma vibração no pulso e decide numa breve espiada se a mensagem merece sua atenção ou não.

Mas justamente o representante mais famoso dessa nova categoria, o Gear, da Samsung, não só não ameniza nossas angústias digitais como pode agravá-las, de tão mal executado.

Na telinha de concorrentes mais modestos, o Pebble e o Sony SmartWatch 2, dá para ver as primeiras linhas de uma mensagem do Gmail e a íntegra de respostas no Twitter ou comentários no Facebook.

Já o Gear só mostra de qual aplicativo vem a notificação. Ler o conteúdo exige olhar para o celular. É enlouquecedor.

Para informar tão pouco bastaria, por exemplo, um app que fizesse o celular vibrar uma vez nas notificações do Gmail, duas nas do Twitter e três nas do Facebook.

O caso do Gmail pode ser amenizado configurando sua conta no aplicativo de e-mail da Samsung no celular --só assim para o assunto e as primeiras linhas das mensagens aparecerem no relógio.

De qualquer forma, o saldo final do Gear é frustrante.

Apps de terceiros decepcionam ainda mais. O do Foursquare só mostra uma mensagem de erro em coreano. O do Pocket, uma tela preta.

Mas nem tudo é uma catástrofe no Gear.

Com ótima definição, a tela responde bem aos toques. Os comandos podem parecer difíceis no começo, mas acostumar-se a eles é rápido.

Outra boa surpresa é a câmera, mais do que decente para suas modestas dimensões. Só seria melhor se ela ficasse acima da tela, e não na pulseira, para realizar um dos mais tórridos sonhos nerds: videochamadas no pulso.

Felizmente, as maiores falhas do Gear são de software e podem ser corrigidas em atualizações da Samsung e com futuros apps de terceiros.

As possibilidades são imensas: imagine rotas do Google Maps, apps de pagamento, controle de TV.

Mas, no estágio atual e por R$ 1.299, o Gear só serve para quem tem estas três coisas de sobra: esperança, paciência e dinheiro.

Editoria de Arte/Folhapress

GALAXY NOTE 3

No início, o Gear só funcionava com o Galaxy Note 3, celular enorme da Samsung, e com o tablet Note 10.1. Atualizações de sistema o farão compatível com o S3 e o S4.

É compreensível que interessados em uma experiência de celular e tablet optem por um aparelho só em vez de dois, e o mercado de phablets de fato se estabeleceu --assim como o de SUVs enormes para andar em metrópoles.

Mas, por R$ 2.899, o preço do Note 3, dá para comprar um ótimo celular facilmente operável com uma mão só, o Moto X (R$ 1.499), e um excelente tablet compacto, o iPad mini de primeira geração (R$ 1.249 pelo modelo de 16 Gbytes).


Endereço da página:

Links no texto: