Folha de S. Paulo


'Não fosse o Tinder, provavelmente a gente nunca teria se encontrado'

A possibilidade de encontrar um amor, ou algo mais casual, com o deslize de um dedo na tela do smartphone tem incendiado o mundo dos solteiros. "Estar na pista" virou "estar no Tinder".

O crescimento do aplicativo no Brasil é resultado da propaganda boca-a-boca que rola entre os solteiros descolados. Propaganda tão eficiente que até quem não é muito chegado em tecnologias se rendeu à praticidade desse cupido virtual.

De repente, as amigas da médica Natália de Mattos, 27, só falavam do tal Tinder. "Não uso muito redes sociais, mas decidi baixar o aplicativo. Fiquei empolgadíssima já no primeiro dia", conta Natália, que usa o Tinder há cerca de dois meses.

Como o foco da médica está na vida real, a experiência já rendeu três encontros. "Não sou muito de balada e quero investir numa relação. O aplicativo ajuda a conhecer gente nova que tenha a ver comigo", argumenta.

Uma coisa ela aprendeu logo de cara: cada um deve deixar bem claro seu objetivo, pois no Tinder "tem de tudo".

Eduardo Knapp/Folhapress
A médica Natália de Mattos, 27,que começou a usar o Tinder e aprova o app
A médica Natália de Mattos, 27,que começou a usar o Tinder e aprova o app

MUITOS LIKES

O advogado Guilherme (nome fictício), 31, usa o aplicativo pelo menos uma vez por dia e adotou o método de dar vários likes. "Acho que a coisa desenvolve mesmo na conversa, não dá para escolher só pelas fotos", explica.

Ele já colheu frutos: um encontro que tem "muitas chances de se repetir", diz. "Estamos nos falando por telefone, mas também converso com mais 'matches'. Para mim, o aplicativo é uma forma a mais de me conectar."

Camila Domingues, 30, foi apresentada ao Tinder pela irmã mais nova. Mesmo sendo "tímida até na internet", ela arriscou papo com alguns pares. Acabou saindo com um deles por três meses.

"Não fosse o Tinder, provavelmente a gente nunca teria se encontrado. Ele mora longe e, apesar de termos muita coisa em comum, não vamos aos mesmo lugares", conta.

Como os aplicativos funcionam a ritmo de modismos, a coordenadora do Núcleo de Pesquisa de Psicologia em Informática da PUC-SP, Rosa Maria Farah, observa que ainda é cedo para dizer se o Tinder mudará a maneira das pessoas se relacionarem. Mas ressalta que o assunto já chegou aos consultórios.

"Por mais que esses aplicativos se popularizem, nada substituirá o teste de realidade. Só o encontro pessoal pode dizer se há química para uma futura relação", afirma.


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