Folha de S. Paulo


Depoimento: 'Acumulei mais times que Túlio', conta repórter que tenta zerar 'Fifa'

Em quase dois anos, eu já acumulei mais times do que o Túlio Maravilha em toda sua carreira. Desde janeiro de 2012, eu jogo "Fifa 12" para iPad com um objetivo: ser campeão de todos os 64 torneios disponíveis no game.

Mas ser campeão para valer, "no campo", sem simular partidas ou desligar a prancheta quando um resultado não é favorável. Deu zebra e perdeu um mata-mata? Azar: as regras por mim estabelecidas determinam que devo ficar com o time até ganhar o torneio em questão.

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Até o termino destas linhas, já são 57 canecos na coleção. Falta colher os louros da vitória na Áustria, Suécia e Irlanda, além da Copa da Polônia. Já fui campeão de tudo na Austrália, Coreia do Sul, Estados Unidos e Noruega entre outros centros futebolísticos menos conhecidos.

Eu sou fã de jogos de futebol desde "Super Futebol" (ou "Great Soccer"), para o Master System. A cada troca de console, eu procurei pelos títulos do tipo. Com o tempo, deixei os consoles de lado. As últimas partidas tinham sido no PS2.

Foi quando surgiram os jogos para dispositivos móveis, bons para jogar a qualquer hora. Mas com um uma desvantagem: terminam muito rápido. Depois de um mês no São Paulo, e já campeão de tudo, parecia que "Fifa 12" estava fadado a ser esquecido.

Mas a experiência de ser técnico e jogador tinha sido divertida. Ao assumir o comando de um time, mesmo que não conheça um único nome, começo a construir internamente uma narrativa da minha carreira fictícia.

É preciso administrar as finanças da equipe, os esquemas táticos e, claro, render em campo.

Algumas campanhas ficaram na memória, como chegar à semi-final da Champions League com o Basel, da Suiça. Já no Benfica, na temporada seguinte, contratei todo o meio campo daquela equipe.

Reprodução
O brasileiro Kaká, no game Fifa 12
O brasileiro Kaká, no game Fifa 12

Alguns atletas acabam virando ídolos (o centroavante do Nuremberg) e outros são uma decepção (estou olhando para você Montillo).

Aliás, os atletas perebas e suas pixotadas acabam marcando ainda mais quando se tem como objetivo maior ser campeão de tudo. Ainda sinto raiva do zagueiro do PSV que me entregou em um jogo da Copa da Holanda. Mesmo campeão com folga da liga local, tive que passar mais um temporada na equipe.

E ficar mais uma temporada no mesmo clube é um inferno para quem quer passar pelo maior número possível deles.

Com tudo isso, percebi que "Fifa 12" tinha muito a ser explorado. E não apenas isso. Jogos móveis não precisam ser rápidos e descartáveis. É possível uma experiência mais profunda, mais parecida com a dos consoles.

Claro, nada que se compare a "Beyond" ou coisa do tipo. Mas dependendo de como se encara o título móvel e seus objetivos é possível alongar a carreira. Feito um Túlio Maravilha do "touchscreen".


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