Folha de S. Paulo


Popular no Brasil, app de mensagens que se autodestroem expõe fotos de usuários

O aplicativo Snapchat se tornou popular por permitir o envio de fotos que se autodestroem automaticamente, mas tem falhas que expõem seus usuários a vazamentos.

J. Emilio Flores/The New York Times
Bobby Murphy (à esq.) e Evan Spiegel, cofundadores do Snapchat, na empresa em Venice Beach Califórnia)
Bobby Murphy (à esq.) e Evan Spiegel, cofundadores do Snapchat, na empresa em Venice Beach Califórnia)

No Brasil, o app é hoje o 5º mais baixado de sua categoria nas lojas virtuais do Android e do iOS, de acordo como site App Annie.

O que diferencia o Snapchat dos demais aplicativos de mensagens é que o conteúdo trocado entre usuários só pode ser visto uma vez e por um tempo limitado --que é determinado pelo remetente e pode ser de até 10 segundos.

Depois desse período, a foto, o vídeo ou a mensagem de texto enviados ficam inacessíveis e são excluídas do celular.

Vários aplicativos desenvolvidos por terceiros, entretanto, ajudam a burlar o sistema e salvar as fotos permanentemente.

O último deles é o Snaphack, que pode ser comprado por US$ 1,99 na App Store da Apple. Lançado no último domingo (13), ele levou dois dias para chegar à quarta posição dos apps mais baixados da categoria "redes sociais" --hoje está na 13ª.

E ele não é o único que faz isso. Snap Save, Grab Snaps e SnapCapture são alguns das dezenas de exemplos de aplicativos que destroem a pretensa efemeridade do Snapchat.

Os desenvolvedores do aplicativo negam que as iniciativas exponham falhas de segurança do software.

"Não é difícil salvar imagens que você envia ou recebe com o Snapchat. A maneira mais fácil é tirar um screenshot, mas também há aplicativo de terceiros --e, claro, outras câmeras, que podem ser usadas para gravar os snaps", disse um representante da empresa por e-mail à Folha.

De qualquer forma, basta uma busca rápida na internet para constatar a profusão de sites com imagens de usuários em situações íntimas ou constrangedoras, como a página do Facebook "Embarassing Snapchat Leaks" (vazamentos embaraçosos do Snapchat, em português), que tem pouco mais de 47 mil seguidores.

Em junho, um equivalente brasileiro chamado Snapchat Vazou estreou. Até a publicação desta reportagem, o autor da página não havia respondido ao contato da Folha.

J. Emilio Flores/The New York Times
Criado em 2011, o Snapchat se tornou popular entre jovens, mas tem problemas de segurança
Criado em 2011, o Snapchat se tornou popular entre jovens, mas tem problemas de segurança

Como o Snapchat promete privacidade, seu uso é frequentemente associado ao "sexting", palavra em inglês para a prática de trocar mensagens e fotos com conotação sexual.

Em maio deste ano, o Epic (sigla em inglês para Centro de Informação de Privacidade Eletrônica), entidade americana que defende a privacidade on-line, encaminhou uma solicitação à Comissão Federal de Comércio dos EUA para que o Snapchat fosse investigado.

Segundo a organização, o aplicativo "incentiva usuários a compartilharem fotos e vídeos íntimos" e alegar falsamente que o conteúdo publicado na rede social desaparece para sempre.

MAIS PROBLEMAS

Os vazamentos não são o primeiro problema com privacidade que o Snapchat enfrentou.

Em 2012, sites de tecnologia notaram que o aplicativo mantinha um perfil público de todos os seus usuários. A página poderia ser acessada de qualquer navegador e expunha quais as pessoas com que o usuário mais trocava mensagens.

Depois das reportagens relatando o problema, os perfis se tornaram inacessíveis.


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