Folha de S. Paulo


Facebook pede desculpas por permitir anúncio com garota que se matou

O Facebook emitiu no final da terça-feira (17) uma nota em que se desculpa por ter permitido a veiculação de um anúncio que usava a imagem de Rehtaeh Parsons, canadense que se matou em abril deste ano aos 17 anos de idade por sofrer bullying virtual. A empresa responsável pelo anúncio também se retratou.

"Encontre amor no Canadá!", dizia a peça publicitária do site ionechat.com, atualmente fora do ar, que chegou a usar mais de uma foto de Parsons em seus anúncios, exibidos na lateral direita da rede social.

"É um exemplo extremamente infeliz de um anunciante captando uma imagem da internet e a usando em uma de suas campanhas", disse um porta-voz do Facebook.

Reprodução/Twitter.com/andrewennals
Anúncio de site de relacionamentos que mostra Rehtaeh Parsons, canadense que se matou aos 17; Facebook pediu desculpas pela veiculação da propaganda
Anúncio no Facebook do site ionechat.com mostra Rehtaeh Parsons, canadense que se matou aos 17

"É uma violação grotesca de nossas políticas de anúncios. Removemos o anúncio e permanentemente apagamos a conta do anunciante."

"Pedimos desculpa por qualquer dano que isso possa ter causado."

Parsons se suicidou justamente porque imagens de um estupro de que fora vítima no final de 2011 foram divulgadas à época do crime e permaneceram on-line até quando decidiu se enforcar.

Sua mãe, Glen Canning, escreveu em seu blog, em um post intitulado provavelmente o pior anúncio do Facebook em todos os tempos : "estou perplexa e enojada com isso. Esta é minha filha, Rehtaeh. Eles a puseram em uma propaganda para encontrar pessoas solteiras. Não sei nem o que dizer."

Proprietário do site ionechat.com, o vietnamita Ahn Dung, disse nesta quarta-feira (18) ao "Toronto Sun" "sentir-se culpado" pelo acontecido.

"Eu sinto uma culpa tão grande quando penso nisso que não quero mais mantê-lo [o site] no ar."

Dung encontrou a imagem fazendo uma busca no Google e não tinha conhecimento da história de Parsons, contou.

"Mau gosto supremo", disse Andrew Ennals, que, segundo o "Toronto Sun", foi o responsável por alertar o Facebook o que estava acontecendo. Ennals divulgou duas capturas de tela que mostram as propagandas. Veja aqui e aqui.

No final do mês passado, um juiz federal dos EUA deu aprovação final para terminar um processo contra o Facebook pelo uso de imagens de usuários em propagandas.

No caso, a rede social foi condenada a pagar US$ 20 milhões --é diferente da história de Parsons, quando o Facebook foi responsável apenas pela veiculação, e não também pela criação, do anúncio.


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