Folha de S. Paulo


Dependência de gadgets faz de novos relógios itens quase inteligentes

Nem TV, nem "phablet" (a novata categoria híbrida de smartphone com tablet). O lançamento mais ruidoso da IFA, feira que é realizada em Berlim e é uma das maiores do mundo dos eletrônicos, foi um relógio de pulso.

Trata-se do Galaxy Gear, dispositivo criado pela Samsung e que abre a era dos chamados relógios inteligentes.

Não que essa tenha sido a primeira iniciativa do tipo, longe disso, mas a entrada da maior fabricante mundial de dispositivos móveis nesse mercado sinaliza que algo grande está para acontecer.

Segundo a consultoria Juniper Research, em cinco anos, as vendas de relógios do tipo totalizarão 36 milhões de unidades. Para a empresa, o número é considerado baixo, correspondente ao de uma categoria de nicho.

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Ainda assim, o interesse por parte dos consumidores movimenta a indústria. Em abril do ano passado, um projeto independente no site de financiamento coletivo Kickstarter arrecadou mais de US$ 10 milhões (recorde até hoje para uma campanha bem-sucedida) e gerou o Pebble, um relógio esperto que funciona conectado a smartphones.

Desde então, rumores sobre dispositivos do tipo rondam outros nomes importantes: Apple, Google e Microsoft. O jornal "Digitimes" afirma que o suposto "iWatch" chega no ano que vem.

Também na IFA, a Sony lançou a segunda geração de seu relógio inteligente. E na Califórnia, de carona no barulho feito pelo Gear, a fabricante de chips Qualcomm apresentou sua versão.

O anúncio da Qualcomm é importante pois pode ser a ponte entre marcas menores e a nova categoria. No mundo dos smartphones e dos tablets, a companhia costuma criar protótipos que são "design de referência" e repassar a outros fabricantes, o que reduz custos. Mas a empresa ainda não deu indícios de que está repetindo essa prática.

Apesar de todo o frisson, os dispositivos lançados não podem ser considerados verdadeiramente inteligentes. Todos eles funcionam só junto com o smartphone: sozinhos quase não têm funcionalidade --nesse sentido estão mais para segunda voz de dupla sertaneja do que para tenor italiano.

Sem um parceiro, por exemplo, o Galaxy Gear deixaria de fazer ligações, enviar notificações de mensagens e redes sociais e de controlar o tocador de música. Vira um pedômetro com tela sensível ao toque e uma câmera.

Sem falar que nenhum deles acessa a internet diretamente. Logo, a inteligência pura ficará para o futuro.

O jornalista BRUNO ROMANI viajou a convite da Philips


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