Folha de S. Paulo


LG e Samsung enfrentam preconceito e desconhecimento no Japão

Brandindo um novo Sony Xperia ao deixar uma loja de celulares num bairro chique de Tóquio, a estudante Nisako Hanawa, 17, dizia ter escolhido essa marca "por causa do seu design e da sua boa reputação".

Ao ser questionada sobre outra importante fábrica de celulares, a sul-coreana Samsung, ela e uma amiga trocaram olhares intrigados. "Samsung?", perguntou Hanawa. "Nunca ouvi falar."

A Samsung pode ser a maior empresa mundial de aparelhos eletrônicos, vendendo um em cada três smartphones e um em cada cinco televisores. A LG, outra gigante coreana da eletrônica, detém uma parcela significativa dos mercados de televisores e lavadoras na Europa e nos EUA. Mas, no Japão, os consumidores não perceberam que em outros lugares do mundo alguns produtos coreanos estão expulsando os concorrentes japoneses das prateleiras.

Muitos japoneses argumentam que a qualidade é inferior. "Os produtos sul-coreanos ainda têm a imagem de 'baratos e ruins', que continua prevalecendo entre japoneses acima de certa idade", escreveu Hidehiko Mukoyama, do Instituto Japonês de Pesquisas.

No entanto, TVs, telefones, lavadoras e carros coreanos se saem melhor do que muitas marcas japonesas em testes independentes.

A rejeição aos poucos está sendo superada. Em 2008, a LG deixou de vender televisores no Japão, mas os relançou dois anos depois.

Issei Kato - 3.jul.13/Reuters
Anúncio da Samsung é visto em telão da maior operadora de telefonia do Japão, a NTT Docomo
Anúncio da Samsung é visto em telão da maior operadora de telefonia do Japão, a NTT Docomo

Numa loja da rede varejista Nojima, as TVs LG ficam expostas ao lado de peças de marcas nacionais, como Sony, Sharp, Panasonic e Toshiba. O vendedor Kohei Tomizawa disse que os televisores LG "tendem a ser mais populares entre os mais jovens, só que os mais jovens não compram tantos televisores quando os clientes mais velhos, que tendem a preferir marcas japonesas conhecidas, como Sony".

A LG disse ter vendido o equivalente a US$ 675 milhões em televisores, smartphones e outros produtos no ano passado no Japão, o que é 45% a mais do que em 2010.

A Samsung saiu do Japão em 2007, mas voltou com seus smartphones. A NTT Docomo, maior operadora japonesa de telefonia celular, recorreu à Samsung para fazer frente a duas operadoras rivais, a SoftBank e a KDDI. Elas vinham roubando clientes da Docomo, que não oferece o iPhone.

A Docomo cobriu as cidades japonesas com outdoors que mostram o smartphone Samsung Galaxy S4 ao lado do Sony Xperia A.

A Apple domina o mercado japonês de smartphones, com uma participação de 40% no primeiro trimestre. A Sharp, com 15%, e a Sony, com 13%, vêm em seguida. A Samsung não aparece entre os cinco maiores fabricantes.

Mas alguns analistas dizem que as empresas sul-coreanas podem contar com um futuro mais brilhante no Japão. "Nenhuma empresa coreana ou ocidental é suficientemente boa para eles, exceto a Apple", disse Sea-Jin Chang, autor de "Sony vs. Samsung: The Inside Story of the Electronics Giants' Battle for Global Supremacy" [Sony x Samsung: os bastidores da batalha dos gigantes da eletrônica pela supremacia global]. "Mas mais empresas coreanas serão aceitas no 'mainstream' japonês no futuro."


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