Folha de S. Paulo


Canadense que fez fuzil em impressora 3D diz que metralhadora é seu próximo projeto

A Liberator, primeira pistola produzida em uma impressora 3D, foi redesenhada e virou um fuzil --arma mais precisa e com maior alcance.

O canadense Matthew, no canal ThreeD Ukulele do YouTube, apresentou na semana passada o Grizzly, arma letal e funcional feita com pecinhas de ABS, material termoplástico rígido, leve e resistente a impactos, amplamente utilizado na construção civil e em eletrodomésticos.

Reprodução
O canadense Matthew segura o Grizzly, fuzil feito em impressora 3D
O canadense Matthew segura o Grizzly, fuzil feito em impressora 3D

Matt, como gosta de ser chamado, não quis revelar o sobrenome ou a idade. Disse apenas que tem "20 e tantos anos" e que trabalha fazendo ferramentas para a construção civil, onde tem acesso à impressora 3D usada para imprimir, aos pedaços, a arma.

Nesta terça-feira Matt exibiu, em um novo vídeo, a versão 2.0 de seu fuzil caseiro, capaz de fazer até 14 disparos antes de rachar. A arma utiliza munição normal do rifle Winchester, bastante popular nos EUA.

"O desenho do Grizzly é original, embora eu tenha me inspirado em partes da Liberator", disse à Folha, em entrevista por e-mail. "Eu modifiquei algumas partes para que o Grizzly ficasse mais parecido com uma arma convencional."

Nos EUA, cidadãos podem fabricar e, com as devidas licenças, distribuir armas de fogo. A Liberator e o Grizzly causam polêmica pelo fato de armas de plástico não serem flagradas por detectores de metal. Há também questionamentos sobre o que significa dar potencialmente acesso a pistolas e fuzis para qualquer pessoa.

Vídeo

Matt afirmou que disponibilizará na web os arquivos necessários para quem estiver interessado em imprimir o Grizzly e disse que não está receoso com o mau uso do projeto.

"Há opções muito melhores caso uma pessoa queira cometer um crime. Armas ilegais não são difíceis de achar nem de comprar."

O arquivo da Liberator, construída em maio deste ano, foi baixado mais de 100 mil vezes em três dias antes de sair do ar por determinação do Departamento de Estado dos EUA. O órgão alegou que a distribuição dos arquivos violava a lei de importação e exportação de armas de fogo no país.

Questionado se está preocupado com pessoas de outros países que possam baixar os arquivos, o pai do Grizzly diz que não. "Tudo bem imprimir o fuzil em qualquer país do mundo, desde que as pessoas sigam a legislação local."

A primeira versão do Grizzly era praticamente descartável: aguentava um único tiro antes de quebrar. O Grizzly 2.0 suporta 14 tiros e Matthew diz que já sabe o que fazer para tornar o número ainda mais alto.

Seu próximo projeto? "Planejo desenhar e imprimir um rifle semi-automático e, depois, uma metralhadora."

BRASIL

No Brasil, aquele que decidir construir pistolas 3D violará o Estatuto do Desarmamento, que proíbe a fabricação de armas no país. A pena é de quatro a oito anos de prisão mais multa.

"A pessoa poderia também ser enquadrada por posse e porte ilegal de armas", explica o advogado Leandro Bissoli.

Colaborou BRUNO ROMANI


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