Folha de S. Paulo


Brasileiro cofundador do Instagram diz ter se inspirado em "Harry Potter" para nova função

Apesar de estar participando há só um ano do Instagram, donos de Android são cerca de metade do total de seus usuários, e o Brasil desempenhou importante papel nisso, segundo Mike Krieger, 27, brasileiro que fundou a rede social fotográfica junto com o americano Kevin Systrom em 2010.

No país, o lançamento da versão do app para Android irritou donos de iPhone, que diziam temer uma vulgarização do conteúdo postado.

Nesta entrevista por telefone à Folha, o empreendedor fala sobre o suporte pelo Instagram a vídeos (cuja incorporação aconteceu na última quinta) e diz que buscou inspiração em "Harry Potter".

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Instagram adiciona suporte a vídeos de até 15 segundos;
Instagram adiciona suporte a vídeos de até 15 segundos; "Harry Potter" inspirou cofundador para incorporação da capacidade

Agora que tem vídeo, o Instagram pode ter papel mais importante em manifestações?

Não estou 100% a par dos protestos no Brasil, mas uma das coisas que queremos com o vídeo no Instagram é passar um momento com maior fidelidade. No caso de uma manifestação, por exemplo, é muito mais potente transmitir as pessoas falando e gritando do que só uma foto.

O Android se tornou tão importante quanto o iPhone?

Hoje somos um produto de duas plataformas. Quase metade dos nossos usuários usam aparelhos com Android, muito disso por causa do uso dele em países como o Brasil e a Rússia.

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Mike Krieger, brasileiro que cofundou o Instagram com Kevin Systrom
Mike Krieger, brasileiro que cofundou o Instagram com Kevin Systrom

Como você acha que os brasileiros usarão o vídeo?

O destaque é o aspecto musical. Há muita música no dia a dia do brasileiro. Já assisti a vídeos de pessoas tocando na rua, de shows. Mas também há um lado conversacional importante: os brasileiros gostam muito de fazer vídeos falando à câmera. Vi que o Rubens Barrichello já fez isso, enquanto caminhava na esteira [veja em bit.ly/rubensb].

Você acha que o Instagram pode sofrer rejeição por quem deseja ver só fotos na rede?

Todo tipo de mudança causa um tipo de choque, especialmente se for em um produto em que as pessoas passam várias horas por dia. Nesses três anos com o Instagram, aprendi que as críticas que recebemos nos primeiros dias [pós-novidades] devem ser, em parte, descartadas.

É possível tratar o vídeo como uma foto, já que você escolhe que quadro representa o filme. Nós nos inspiramos parcialmente nas pinturas animadas que existem na série "Harry Potter".

O vídeo sempre foi uma função que desejávamos incorporar ao serviço.

Por que só agora, e com 15 segundos de duração máxima?

Nos últimos anos, as redes celulares, com LTE [4G], e as câmeras dos aparelhos melhoraram a ponto de permitir o vídeo no Instagram -o "timing" tem a ver com isso.
Já sobre a duração dos filmes [os vídeos podem ter entre três e 15 segundos], demoramos para decidir, porque não queríamos algo demasiado curto, nem muito mais que só um momento.


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