Folha de S. Paulo


Brasileiros desenvolvem transistor '3D'

O instituto de pesquisa tecnológica Namitec, que faz parte de um programa federal e que envolve a Unicamp e a USP, anunciou recentemente ter desenvolvido uma tecnologia que, segundo os pesquisadores envolvidos, coloca o Brasil em posição equiparada aos principais atores mundiais na área da microeletrônica.

Trata-se de um transistor "tridimensional", que possibilita o desenvolvimento de microchips mais potentes e que desperdiçam menos energia que os feitos com transistores convencionais. Isso porque ele permite o envio de sinais elétricos por três vias, em vez de somente uma, mas ocupando o mesmo espaço físico em um chip.

"Isso nos coloca na vanguarda tecnológica, junto com as principais empresas da indústria", diz o professor Jacobus Willibrordus Swart, coordenador do Namitec, que nasceu como parte do programa Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia, do Ministério da Ciência, em 2009.

A mais recente família de processadores da Intel, de codinome Ivy Bridge, emprega tecnologia semelhante.

O projeto conta com financiamento dos órgãos de fomento à pesquisa CNPq (federal) e Fapesp (paulista).

arte folha/arte folha

EFICIÊNCIA

Um transistor é uma unidade básica de um microchip -processadores de computador atuais podem ter bilhões de transistores, que são fabricados com feixes de elétrons, na escala dos nanômetros.

O transistor 3D funciona como uma rua que ganhou paredes, pelas quais também podem passar carros (corrente elétrica, traduzida para informação digital), segundo o professor da Unicamp José Alexandre Diniz, um dos responsáveis pelo projeto, o que aumenta sua eficiência. "Isso permite trabalhar com frequências mais altas."

"Além disso, quando não está sendo utilizado, o transistor 3D consome menos energia elétrica, e é isso que faz a bateria do laptop durar seis horas, por exemplo", afirma Diniz.

João Antonio Martino, responsável pela "versão" feita na USP do transistor tridimensional brasileiro -com diferenças no processo de fabricação-, diz que o próximo passo é "fundir" os resultados obtidos pelas universidades, para uma versão aprimorada da tecnologia.


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