Folha de S. Paulo


'Jogo da Martinha' protesta contra a ausência de games no Vale-Cultura

"Jogos digitais também são parte de nossa cultura", diz frase no "Jogo da Martinha", criado pela Napalm Studio com apoio da Acigames (Associação Comercial, Industrial e Cultural de Games).

O game é um protesto irônico contra a ausência dos jogos eletrônicos no Vale-Cultura, benefício de R$ 50 mensais destinado para trabalhadores que recebam até cinco salários mínimos. O Vale pode ser usado para a compra de revistas, filmes, assinatura de TV a cabo e fantasias de carnaval.

Reprodução
"Jogo da Martinha", disponível no Facebook

No jogo, disponível no Facebook, o jogador deve tentar acertar controles de videogame, tablets, celulares e até consoles em um alvo escrito "cultura", mas Marta Suplicy, ministra da Cultura, faz de tudo para bloquear e rebater os objetos.

Desde o lançamento do Vale, a ministra vem enfatizando que a escolha de como gastar o benefício independe do governo. "Pode comprar revista porcaria. O trabalhador decide", disse em janeiro no programa "Bom Dia, Ministro", da EBC (Empresa Brasileira de Comunicação).

Os critérios para trabalhadores ganharem e gastarem o Vale-Cultura ainda estão sob análise jurídica na Casa Civil da Presidência da República. A previsão é que o benefício saia do papel em junho deste ano.

"QUE ISSO, MARTINHA?"

Parte do acervo permanente do MoMA (Museu de Arte Moderna) de Nova York, inspiração para a literatura e ferramenta de ensino em centenas de escolas no mundo, os games não são considerados cultura pela chefe do MinC.

Durante audiência pública de apresentação do projeto no dia 19 de fevereiro, Marta afirmou: "eu não acho que jogos digitais sejam cultura". O curioso é que no próprio site do Ministério há uma seção dedicada aos games.

Além de promover o "Jogo da Martinha" --em que o jogador é estimulado a compartilhar sua performace nas redes sociais com a hashtag #queissomartinha--, para tentar incluir os games no Vale-Cultura, Moacyr Alves Júnior, presidente da Acigames, espera resposta da equipe da MinC sobre a proposta de uma reunião de Marta Suplicy com ele e outros representantes do setor. "Estamos montando uma comitiva para entregar games, documentários e livros sobre o mundo dos jogos para a ministra. Os games não podem ficar de fora", diz Moacyr.


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