Folha de S. Paulo


É melhor trabalharem conosco, diz criador do Viber às teles

Num congresso promovido por operadoras de telefonia, Talmon Marco é uma espécie de Darth Vader. Seguidamente atacado pelos palestrantes, não fica longe de ser chamado de ladrão.

Pois nesta terça (26) foi o próprio Marco quem subiu ao palco para falar no Mobile World Congress, em Barcelona.

Ele criou o Viber, um dos mais populares aplicativos de mensagens e voz para celulares. Seu programa utiliza a internet fornecida pelas operadoras para oferecer serviços que as operadoras também prestam. Com uma diferença: o Viber é gratuito.

"Chamamos representantes de várias OTTs [over-the-top, jargão de telefonia que denomina empresas como o Viber]", disse Michael O'Hara, executivo-chefe de marketing da associação de teles, dirigindo-se a Marco. "Apenas você topou falar. Parabéns."

O fundador do Viber pareceu não se intimidar com os anfitriões.

Divulgação
Imagem do aplicativo Viber, de mensagens e chamadas gratuitas, em sua versão para Android
Imagem do aplicativo Viber, de mensagens e chamadas gratuitas, em sua versão para Android

"Dizem que estou roubando as operadoras", afirmou. "Então vou roubar também alguns slides", completou, brincando e mostrando uma página apresentada pela Deutsche Telekom –cujo presidente, ao lado dele, havia acabado de definir o plano de negócios das OTTs como sendo "você [operadora] investe, eu fico com o lucro".

Em resposta, Marco defendeu que as teles cooperem com empresas com a sua em vez de atacá-las.

"Os consumidores querem inovação", afirmou. "E as teles estão em desvantagem quando se fala em inovação."

Marco chamou a atenção para a história dos SMS, principal serviço canibalizado por sua empresa. Idealizada em 1982, a tecnologia das mensagens entrou em operação dez anos depois. E, passadas mais duas décadas, continua sendo exatamente igual.

"Para as teles, diferenciar-se significa trabalhar com caras como nós", disse.

Ele argumentou que empresas como a sua facilitam a vida dos consumidores, que podem comprar planos das operadoras olhando apenas o preço e a quantidade de dados que poderão trafegar.

Seu aplicativo foi desenvolvido há pouco mais de dois anos."Era um software que criamos para alguns amigos. Esses amigos o passaram a outros amigos, que o deram a outros. Hoje, temos 175 milhões de amigos."

Marco trabalhou quatro anos nas forças militares de Israel, de onde comanda a operação do Viber com seu sócio, Igor Magazinik. Desenvolveu o programa em Belarus e faz pouco caso dos desenvolvedores de tecnologia da Califórnia, berço de gigantes como a Apple e o Google.


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