Folha de S. Paulo


Nokia redobra aposta em celulares mais baratos

Ela liderou o mercado de celulares durante 15 anos, mais tempo do que qualquer outra empresa. Mas hoje não figura nem entre as cinco primeiras no filão mais importante, o de smartphones.

A Nokia deixou explícita ontem, no Mobile World Congress, maior feira de telefonia do mundo, em Barcelona, qual sua estratégia para tentar se reerguer: a ideia é ganhar os consumidores que querem gastar pouco.

A empresa finlandesa lançou um smartphone de US$ 183 (R$ 360), não descontados os subsídios oferecidos pelas operadoras. Usando a mesma base de comparação, o iPhone 5 custa US$ 649.

Com esse preço, o novo aparelho da Nokia, o Lumia 520, vai competir com os modelos mais baratos que utilizam o sistema Android.

"Acreditamos que ele tem o melhor desempenho de qualquer smartphone nessa faixa de preço", afirmou o presidente mundial da empresa, o canadense Stephen Elop. "Especialmente em mercados emergentes, cada centavo importa muito."

O foco nos consumidores de baixa renda de países em desenvolvimento é tão explícito que a empresa lançou, também ontem, um celular sem aplicativos nem tela sensível ao toque e que tem como principal atrativo o preço: € 15 (R$ 39).

O Nokia 105 é o aparelho mais barato que a companhia já ofereceu.

"Temos de fazer com que os consumidores experimentem nossos produtos", disse Elop, ex-funcionário da Microsoft e responsável pela mudança de estratégia, há dois anos. Parte dessa estratégia é uma associação com sua antiga empresa -a Nokia adotou o Windows 8 como padrão para os smartphones.

Sua estratégia emula o modelo do Google (impulsionado pela Samsung) e da Apple, as duas empresas que dominaram esse mercado com softwares próprios e lojas exclusivas de aplicativos.

Nos dois anos desde a chegada de Elop, houve uma consolidação ainda maior do Android como líder de mercado, sem que a Nokia tenha reagido. Não é tempo demais para um mercado tão arisco como o de celulares?

"Nós precisávamos dos dois anos para fazer uma reestruturação", responde o executivo, que pronuncia o nome de alguns concorrentes, mas evita as palavras Apple e Samsung. "Não tem sido sempre fácil."


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