Ao buscar acordos para expandir seu acervo de vídeo on-line, o Netflix vai atrás dos filmes e dos programas de TV mais procurados nas redes de pirataria, afirma Reed Hastings, 52, fundador e executivo-chefe da empresa.
"A pirataria é um indicador de demandas não atendidas", disse Hastings em entrevista à Folha no último dia 9, em Las Vegas, durante a feira de eletrônicos CES.
Na semana passada, a empresa divulgou seus resultados financeiros. Ganhou 10 milhões de usuários em 2012, chegando a um total de 33 milhões, e teve lucro de US$ 8 milhões no último trimestre, contrariando as expectativas de prejuízo.
| Regis Filho/Folhapress | ||
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| Executivo-chefe da Netflix, Reed Hastings |
Satisfeito com a operação no Brasil, onde o Netflix estreou em setembro de 2011, Hastings revelou ainda que a empresa deve lançar em breve no país seu ranking de operadoras de banda larga, disponível hoje nos EUA e na Europa, que classifica as empresas segundo a performance do serviço em cada uma delas.
Questionado sobre seu maior tropeço recente –a iniciativa abortada de criar uma nova empresa só para aluguel de DVDs, a Qwikster, que faria dobrar o preço da assinatura para clientes do serviço tradicional e do on-line nos EUA–, Hastings respondeu: "Nós queremos ver o futuro do streaming agora mesmo, mas às vezes estamos um pouco à frente dos nossos clientes".
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Netflix no Brasil
Está indo muito bem, já é um dos nosso maiores mercados. Como você sabe, a internet continua crescendo bastante, e algumas pessoas estão dispostas a pagar por conteúdo. TVs inteligentes estão começando a ser vendidas, e as pessoas usam bastante iPads e tablets com Android.
Dificuldades no Brasil
A maior dificuldade é com pagamento on-line. As pessoas não estão acostumadas a usar cartão de crédito na internet e querem pagar com boletos [a empresa anunciou que vai oferecer essa forma de pagamento no Brasil]. Já há débito em conta corrente por meio de bancos brasileiros. Em geral, na América Latina, há mais fraudes e mais medo de fazer pagamentos on-line.
Conteúdo brasileiro
Nós tentamos encontrar conteúdo que é mal distribuído. Se um conteúdo local já é muito bem distribuído, está em vários canais, não interessa ao Netflix. Com muita frequência, nós vamos atrás daquilo que as pessoas procuram nas redes de pirataria, como o BitTorrent. A pirataria é um indicador de demandas não atendidas.
Preferência nacional
O que os brasileiros mais veem no Netflix é conteúdo produzido nos EUA. Isso acontece, em parte, porque vocês têm muitas outras fontes de conteúdo local.
Aluguel de DVDs
Acho que o formato físico vai continuar encolhendo, mas haverá uma cauda longa. Ainda há os colecionadores, as bibliotecas. Mas o streaming está substituindo os discos rapidamente.
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Perfis personalizados
É um recurso em fase de testes, desenvolvido para famílias, especialmente aquelas com filhos.
Às vezes, os títulos infantis aparecem bastante na interface, o que não é tão bom para os pais, e, às vezes, aquilo a que os pais assistem aparece para os filhos, e isso também não é bom.
Estamos tentando separar as coisas. Você poderá configurar perfis e usá-los independentemente, já que vídeo on-line é uma experiência bastante pessoal.
Ainda não fixamos uma data de lançamento. Vamos oferecer para todos quando estiver estável e funcionando bem. O usuário poderá criar cinco perfis dentro de uma conta, e não haverá cobranças extras.
Catálogo universal
A longo prazo, nosso objetivo é oferecer o mesmo conteúdo em todos os países. Estamos fazendo a nossa parte com o seriado que estamos produzindo, "House of Cards", com Kevin Spacey. Ele será lançado em 1º de fevereiro em todos os países onde há Netflix.
De qualquer forma, hoje, se você viajar para outro país e acessar o Netflix, terá a oportunidade de experimentar conteúdos diferentes.
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RAIO - X: REED HASTINGS
QUEM É
Fundador e executivo-chefe do Netflix, serviço que oferece filmes e programas de TV on-line por meio de streaming (sem necessidade de esperar pelo download) e, nos EUA, aluguel de DVDs entregues pelo correio
IDADE
52 anos
O QUE JÁ FEZ
Fundou sua primeira empresa, a Pure Software, em 1991. Criou o Netflix em 1997. Faz parte do conselho do Facebook desde 2011