Folha de S. Paulo


Fundador do Facebook revela que privacidade causou racha com o Google

O Facebook não organiza muitas entrevistas coletivas. Mas quando a maior rede social do planeta conversa com jornalistas, os briefings são sempre melhores nas ocasiões em que o fundador e presidente-executivo Mark Zuckerberg, 28, abandona o roteiro.

Foi o que ele fez na terça-feira, durante o lançamento da Busca Social, ao falar abertamente de uma "disputa estratégica mais ampla" com o Google e revelar pela primeira vez por que as negociações entre o Facebook e o gigante das buscas fracassaram em função de questões de privacidade.

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Resultados para a busca
Resultados para a busca "People who like things I like" (pessoas que gostam de coisas de que eu gosto) na Busca Social

De acordo com Zuckerberg, o Google estava menos disposto (ou era menos capaz) de mudar seu algoritmo de busca para que uma foto ou post removidos da página de Facebook de um usuário desaparecessem também dos resultados de busca da companhia rival. Já a Microsoft se dispôs a fazê-lo, e como resultado é parceira do Facebook desde 2010.

"Estou tentando pensar se é sensato falar disso", disse Zuckerberg ao responder perguntas, o que despertou o interesse dos jornalistas presentes. "Creio que o principal seja que, quando uma pessoa compartilha alguma coisa no Facebook, queremos dar a ela não só a capacidade de transmitir alguma coisa mas a de mudar suas definições de privacidade mais tarde e remover esse conteúdo".

"Isso requer atualização incrivelmente rápida... Precisamos que o conteúdo desapareça imediatamente... É preciso infraestrutura que garanta essa capacidade, o que requer muita dedicação da parte do parceiro".

"A Microsoft estava mais disposta a atender pedidos específicos do Facebook. O Google tem um sistema que funciona realmente bem para eles, sobre a forma pela qual tratam as informações em toda a companhia, e acredito que o nosso sistema seja diferente nas maneiras pelas quais as pessoas compartilham informações e por querer lhes oferecer flexibilidade retroativa --esse foi o maior obstáculo", afirmou.

"Esse pode ter sido o problema específico da negociação, pode ter sido um sintoma de uma divergência estratégica mais ampla, mas foi quanto a isso que a discussão fracassou, da última vez que conversamos a respeito", ele disse.

Zuckerberg estava respondendo a uma pergunta de Danny Sullivan, do Search Engine Land, que cobriu o lançamento da Busca Social em seu site.

De acordo com pessoas bem informadas quanto ao Facebook, Zuckerberg não estava se referindo a novas discussões com o Google antes do lançamento do Graph Search. A disputa remonta aos dias da "guerra fria" em que Google e Facebook entraram em disputa quanto à propriedade de dados pessoais, e, mais tarde, ao momento em que o Google decidiu entrar nas redes sociais com o Google+.

É uma informação significativa porque, caso correta (e o Google se recusa a comentar a respeito), reforça a teoria emergente de que os complexos algoritmos de busca do Google combinam cada vez menos com a rede social.

Para expressar a questão em termos simples, como você se sentiria se uma foto que removeu do Facebook ainda pudesse ser encontrada em uma busca do Google? Ou se um vídeo embaraçoso no qual seu nome estivesse identificado no Facebook surgisse nos resultados de busca do Google associado ao seu nome mesmo que você tenha removido a tag com o seu nome na rede social?

A preocupação para o Google é que a companhia venha a ser vista como motivo para que nada possa ser removido completamente da internet. Esse é um problema que os mais brilhantes cérebros do Google terão de resolver, à medida que o Facebook e o Twitter expandem a rede social a mais áreas de nossas vidas.


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