Folha de S. Paulo


Longa e pouco didática, 'Wild Wild Country' fascina pela trama

Durante muitos anos, uma das minhas irmãs mais velhas foi sannyasin. Ela se vestia sempre em tons de vermelho e laranja, e chegou a mudar de nome (para "Kuchira") por algum tempo. Defendia o amor livre e o bom humor.

Já eu não entendia como ela era adepta de um guru que, parecia óbvio, só estava interessado em dinheiro.

Esse meu contato incipiente com Bhagwan Shree Rajneesh me ajudou a navegar por "Wild Wild Country".

A minissérie documental, da Netflix, tem seis episódios de uma hora. Mas em nenhum momento se aprofunda nos ensinamentos da seita que fez milhares de pessoas no mundo mudarem seus estilos de vida.

Por outro lado, não faltam depoimentos e imagens de arquivo. Alguns são excessivos, reiterando o que já víramos antes. A sensação que fica é a de que os diretores Chapman e Maclain Way tiveram dó de descartar um único frame do farto material que tinham.

E, no entanto, mesmo longa e pouco didática, "Wild Wild Country" também é fascinante. Porque a história contada é quase que surreal demais para ser verdade. Uma colisão de dois universos, regada a sexo, carrões e salmonela.

Bandida

A série está indicada a dois prêmios Emmy, e é um sucesso a nível planetário.

A Netflix não divulga números de audiência, mas dá para perceber a repercussão de "Wild Wild Country" na mídia, nas redes sociais e no interesse reavivado pelos livros de Osho (o nome adotado pelo Bhagwan poucos anos antes de morrer).

Pois além da trama rocambolesca, o programa ainda tem um personagem inesquecível: Ma Anand Sheela, o braço direito do líder religioso, e a responsável por muitos dos eventos retratados em "Wild Wild Country".

Hoje senhora pacata, ela mantém intacto o carisma que a levou a ser a eminência parda da organização milionária. E também certa aura de mistério e ambiguidade.

Menos para minha irmã, que devorou a série inteira. Fiel ao mestre, mesmo não sendo mais


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