Folha de S. Paulo


Aos 78, Tom Zé afirma que faz análise para substituir analista

Na seção "Vintage" desta edição da Serafina, o cantor e compositor Tom Zé, 78, fala sobre Tropicália, análise e música.

ONTEM:

No palco eu sabia ser necessário sobrepor camadas de informação.
Assanhado era achar-se.
Tropicália era pra quem tinha parceria com o futuro.
Eu fazia análise para tentar viver com menos sofrimento.
Compor me dava esperança de aceitação.
Era garoto-propaganda quando comecei a desistir de fazer música para cantar o entorno.
Bebia Coca-Cola quando tinha 25 anos, a 1ª vez.
São Paulo me dava profissão e temas.
Ganhar na loto era começar um tormento de preocupação com segurança.

HOJE:

No palco eu sei (algumas vezes) multiplicar os signos.
Assanhado é coceira no pé do umbigo ou no umbigo do córtex.
Tropicália é pra quem nem repara que está sendo.
Eu faço análise para substituir o analista que me abandonou.
Compor me dá comida.
Sou garoto-propaganda quando me chamam para.
Bebo Coca-Cola quando quero ficar doidão (sem gelo e misturada com água).
São Paulo me dá casa e profissão.
Ganhar na loto é ou se tornou quase continuar pobre.


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