Folha de S. Paulo


'Artista da beleza', Gordon Espinet maquia modelos em ensaio exclusivo

Se houvesse um ranking justo das pessoas mais importantes para a engrenagem da moda, Gordon Espinet estaria nas primeiras posições. Além de um dos maquiadores mais respeitados do mundo, o trinitino de 51 anos, radicado no Canadá, redefiniu o conceito de que se entende hoje por beleza.

Vice-presidente de maquiagem artística da grife de cosméticos MAC, ele introduziu nas passarelas e editoriais de moda combinações de cores, olhos esfumaçados e a proposta de que o rosto deve ser um complemento do que se veste. "Como se narrasse uma história, literal ou abstrata, mas que sempre deve fazer sentido", define Espinet.

E foi a partir dessa ideia de continuidade que ele encarou o desafio da Serafina de transportar para os rostos das modelos o conceito das novas coleções de grifes que desfilam na São Paulo Fashion Week.

Maquiagem: Gordon Espinet (MAC)
Styling: Anderson Rodriguez
Produção Executiva: Pedro Diniz
Cabelo: Bruna Freitas (Capa Mgt)
Jóias: Tiffany & Co.
Tratamento: Fujocka Photodesign

O "beauty artist" (ou "artista da beleza"), como é comum chamar maquiadores em sua posição, coleciona trabalhos de peso. Entre eles, rostos para desfiles de estilistas como o dominicano Oscar de La Renta, a inglesa Vivienne Westwood e "looks" coloridos criados a partir da pele negra da top sul-sudanesa Alek Wek, referência para a indústria dos cosméticos.

"Vejo Alek como a representação da elegância moderna, um estilo sem esforço que me inspira", desmancha-se Espinet, sobre esse ícone da beleza negra entre as supermodelos.

Ou "super-humanas", como chama as tops dos anos 1980 e 1990, "que podiam, como ninguém, se transformar em qualquer personagem".

Apesar do tom saudosista, Gordon sabe que foram as mulheres comuns que fizeram sua fama e a da empresa que ajudou a fundar, em 1985. Sabe que são elas que colocam suas ideias de passarela -ele cria mais de 800 "makes" de desfiles por ano- em prática.

ELEGANTE

O artista passou quase sete dias no Brasil, treinando maquiadores para que executassem suas criações em desfiles da última semana de moda paulistana.

"Este país tem uma cultura elegante e não vejo diferença alguma na forma de se pintar de uma brasileira, de uma francesa ou de uma americana. Aqui, como lá, há uma obsessão com a pele e, nesse processo, textura, cor e luminosidade são fundamentais", afirma o top maquiador.

"Essa tríade é um fenômeno global, uma preocupação da era moderna e um direcionamento para a indústria."

Entusiasta das diferenças, Espinet não acredita na uniformização de gosto e não prega uma grande tendência para as próximas temporadas. "É preciso entender que o estilo pessoal tem de estar acima de qualquer aposta ou tendência. As mulheres mais interessantes querem se destacar em meio à multidão, e não se misturar a ela."

Claúdia Guimarães
Natural de Trinidad e Tobago, o maquiador Gordon Espinet prefere apostar nas diferenças
Referência no mundo da moda, Gordon Espinet não prega tendências; prefere apostar nas diferenças

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