Folha de S. Paulo


Planos devem investir em prevenção de acidentes e prêmios a pacientes

saude suplementar

Investir em fatores preventivos pode ser uma medida de baixo custo relativo que ajudaria a sustentar o atual modelo dos planos de saúde e evitaria que o aumento das mensalidades a partir dos 60 anos inviabilizasse a entrada de idosos na saúde suplementar.

A revisão na lei dos planos de saúde, que deverá ser analisada em novembro na Câmara dos Deputados, deve permitir às empresas do setor aumentarem seus preços em até 20% do valor final do reajuste a cada cinco anos para segurados que atinjam essa faixa etária.

A maior parte dos acidentes com altos custos médicos acontece quando os idosos estão andando dentro de casa, afirmou o presidente da Audif (Associação Brasileira de Auditores em Saúde), Alexander Saliba, durante o fórum Saúde Suplementar, organizado pela Folha com patrocínio da FenaSaúde, Unimed, Pfizer, Bristol e Anab (Associação Nacional das Administradoras de Benefícios).

Keiny Andrade/Folhapress
SAO PAULO - SP - 23.11.2017 -SEMINARIO SAUDE COMPLEMENTAR - MESA 1 Mediacao Tais Hirata - A questão dos idosos - Alexandre Saliba (grisalho), Maisa Kairalla e Rafael Robba (gravata azul). FOTO: KEINY ANDRADE/FOLHAPRESS
Alexander Saliba, Maisa Kairalla e Rafael Robba em mesa sobre planos de saúde para idosos

Também participaram do debate, nesta quinta-feira (23), Maisa Kairalla, presidente da SBGG-SP (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia de São Paulo), e Rafael Robba, advogado especializado em direito à saúde e sócio do escritório Vilhena Silva Advogados. A mediação foi feita pela repórter de Mercado Taís Hirata.

Para Saliba, eliminar riscos básicos –tornando mais seguras as formas de acesso e colocando apoios em vasos sanitários e no local de banho, por exemplo– ajudaria a reduzir acidentes corriqueiros e, por consequência, os custos dele provenientes.

Ele citou como outro exemplo positivo a possibilidade de premiar o cliente que se cuida, o que já acontece em alguns países, como os Estados Unidos. "A operadora observa se ele está controlando diabetes, tomando remédio, fazendo exames. Isso é medicina preventiva."

Saliba prevê que, com o aumento gradativo dos preços, grande parte dos brasileiros com mais de 60 anos deixe os planos de saúde e entre em acordos coletivos, que seriam prejudiciais para eles.

"A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) permite que, nesses acordos, quem está vendendo coloque o valor que quiser de remuneração. O Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) fez um estudo em São Paulo que identificou um aumento de 63% de um ano para o outro na mensalidade", disse.

Maisa Kairalla, da sociedade de geriatria, lembrou a mudança do perfil etário da população brasileira, que, segundo estimativa do setor de saúde, em dez anos deve chegar a um idoso para cada jovem, para declarar que o país não está preparado para o envelhecimento.

"A saúde do idoso é muito cara. Ele precisa da dieta, da fralda descartável. Um idoso com pneumonia gasta em média 17 dias na UTI, enquanto um jovem com a mesma doença passa cerca de três dias. Os gastos com remédios também são sete vezes maiores."

Segundo o advogado Rafael Robba, o reajuste do valor dos planos de saúde acima dos 60 anos é considerado legal pelo Superior Tribunal de Justiça, mas será preciso avaliar caso a caso se o novo preço não implica discriminação contra o idoso nem o impede de aderir ao plano.

"A tendência é aumentar a judicialização", afirmou. "Hoje a maior parte das ações jurídicas em São Paulo acontece por negativa de procedimento por parte das operadoras, com uma parcela expressiva de idosos incluída. O segundo tema mais discutido são questões relacionadas a idosos, como preços de planos de saúde."


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