Folha de S. Paulo


Sol é ao mesmo tempo essencial à saúde e fator de risco para a pele

Que o sol é essencial à saúde, ninguém questiona. Atua na fixação de vitamina D, ajuda na produção de endorfina e trata doenças como psoríase, eczema e vitiligo.

A luz solar atua como fator anti-inflamatório "que modula a inflamação da pele causada por doenças, incluindo acne", explica Cristina Laczynski, professora de dermatologia da Faculdade de Medicina do ABC.

A maior parte da vitamina D necessária é produzida a partir da ação dos raios ultravioleta B na epiderme, onde se encontra uma substância que é convertida em vitamina D3 por meio do calor, cai na corrente sanguínea e vira vitamina D ativa nos rins.

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Estudos mostram que esse nutriente é fundamental à saúde dos ossos e na prevenção de hipertensão, diabetes e algumas infecções.

Mas o problema é que a radiação responsável pela síntese de vitamina D é a mesma que pode levar ao câncer de pele. "O risco é maior em pessoas de pele muito clara, que se expõem demais ao sol e têm histórico familiar de tumores malignos", diz a dermatologista Flávia Addor, diretora do grupo Medcin.

Aqui os especialistas se dividem. Uns acreditam que os benefícios não valem o risco e indicam uso diário de filtro solar, ainda que isso comprometa a produção de vitamina D. Outros preconizam uma exposição rápida, desde que a pessoa não tenha fatores de risco. "Sugiro rodízio de exposição de partes do corpo que não recebem luz solar com frequência. Dez minutos por dia, antes das 10h, sem filtro", diz Joaquim Mesquita Filho, que coordena a campanha nacional de prevenção da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia).

O câncer de pele não-melanoma é o mais comum no mundo. Seu principal fator de risco é a exposição ao sol. No Brasil, esse tipo corresponde a 30% de todos os tumores malignos registrados.

A arquiteta Paula Cereser, 41, faz parte da estatística. "Vivo em um regime de filtro solar intenso. Só tive câncer de pele uma vez, mas poderia ter sido dez se não me prevenisse", diz ela, que se expõe com frequência ao sol por conta da profissão –visita obras– e do hobby –pratica hipismo e acompanha os filhos no mesmo esporte.

"Cresci vendo minha mãe chegar do dermatologista toda costurada, esperando resultado de biópsia. Meus filhos crescem na lavagem cerebral, usam camiseta com filtro na praia e protetor solar dos pés à cabeça", diz.

O câncer pode se manifestar na forma de um machucado que não cicatriza, de uma pinta que coça demais ou de uma lesão diferente na pele. Se tratado precocemente, tem alta probabilidade de cura.

O pior horário para se expor ao sol é das 10h às 16h, mas os efeitos deletérios da luz solar ocorrem o dia todo.

Para se proteger dos raios UVA e UVB, é preciso usar filtro solar diariamente. Contra a luz visível, que pode causar melasmas e outras manchas, deve-se usar barreiras como chapéus, óculos de sol e roupas. Os filtros solares chamados de físicos, com dióxido de titânio e óxido de zinco na formulação, atuam como barreira na pele e ajudam a combater os danos da luz visível.

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O mais efetivo para evitar câncer de pele, no entanto, é aplicar corretamente o produto, todos os dias. "O uso na frequência certa faz mais diferença que o fator de proteção e o tipo de filtro solar", afirma Laczynski.

Quer dizer: escolher um filtro FPS 30 (95% de proteção) e usá-lo sem parcimônia é melhor do que comprar filtro FPS 60 (98% de proteção) e usá-lo pouco, por ser caro.

O produto deve ser aplicado de duas a três vezes ao dia. Luzes de lâmpadas e de computador também agridem a pele, que deve estar protegida mesmo no escritório.


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