Folha de S. Paulo


Sem formação, diretor de escola tem problemas pedagógicos e operacionais

É necessário valorizar a carreira de diretor escolar, com gratificações maiores e com o reconhecimento de boas práticas. Nesse ponto, houve concordância entre os especialistas que participaram do 3º Seminário de Gestão Escolar, realizado nos dias 27 e 28 de setembro.

O evento, que reuniu cerca de 400 pessoas a cada dia em São Paulo, foi promovido pelo Instituto Unibanco, em parceria com a Folha e o Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação).

"Quando o gestor é premiado e tem seu trabalho reconhecido ele se sente altamente valorizado. Indiscutivelmente, esse é um caminho para melhorar os resultados", disse Cláudia Santa Rosa, secretária de Educação e Cultura do Rio Grande do Norte.

Para tornar essa carreira mais atraente, o Estado do Espírito Santo mudou recentemente a forma de remunerar os 395 diretores de sua rede estadual de ensino.

Antes, as gratificações eram baseadas apenas no tamanho da escola e no número de estudantes matriculados. No novo modelo, melhores índices num programa de avaliação, que mede o nível de proficiência dos alunos em várias disciplinas, viram gratificações para os diretores.

O uso otimizado de salas de aula, que gera economia, a atuação em áreas de vulnerabilidade social e a manutenção das taxas de matrícula também representam ganhos para o gestor.

A média do salário do diretor no Estado fica em torno de R$ 7.500, incluídas as gratificações, que representam cerca de 45% desse valor. No Estado de São Paulo, a remuneração média é R$ 7.700.

"O diretor de uma escola grande sempre recebia o valor máximo, sem qualquer motivação além disso. Com a incorporação de resultados de aprendizagem, gestores de todas as escolas podem atingir esse patamar", declarou Andressa Buss Rocha, subsecretária de planejamento e avaliação na Secretaria de Educação do Espírito Santo.

CERTIFICAÇÃO

Manuel Palácios, coordenador do Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora, defendeu a certificação de gestores.

"Uma boa certificação reúne evidências de que a pessoa é capaz de fazer uma gestão eficiente", afirmou.

O Plano Nacional de Educação, lançado em 2014, prevê que o Brasil desenvolva programas de formação de diretores e passe a aplicar uma prova nacional para avaliar a preparação dos profissionais.

A partir disso, um programa para certificar gestores foi apresentado pelo Ministério da Educação em 2015, mas o projeto ficou estagnado em razão da turbulência política que culminou com o impeachment de Dilma Rousseff.

Alexsandro Santos, do Instituto Unibanco, considera o programa um avanço, mas avalia que alguns pontos devem ser aprimorados.

"O conteúdo diz, por exemplo, que os conselhos estudantis devem funcionar, mas não diz de que forma o diretor pode garantir isso."


Endereço da página:

Links no texto: