Folha de S. Paulo


Reconhecer e premiar são caminhos para melhorar trabalho de diretores

Um mecanismo que inclua gratificações melhores para diretores, reconhecimento de boas práticas e integração entre a equipe gestora da escola e secretarias de educação, com espaço para ouvir demandas, deve ter impacto positivo na gestão escolar.

"Quando o gestor é premiado e tem sua gestão reconhecida ele se sente altamente valorizado. Indiscutivelmente, esse é um caminho para melhorar os resultados", disse Cláudia Santa Rosa, secretária de Educação e Cultura do Rio Grande do Norte, em debate sobre a valorização da carreira do gestor escolar realizada durante o 3º Seminário de Gestão Escolar.

O evento, realizado nos dias 27 e 28 de setembro no CineArte do Conjunto Nacional, em São Paulo, é promovido pelo Instituto Unibanco, em parceria com a Folha e o Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação).

Para Andressa Buss Rocha, subsecretária de planejamento e avaliação na Secretaria de Educação do Espírito Santo, o processo de seleção desse profissional é o começo e uma das etapas mais importantes para valorizar a função. "Se você acerta no processo seletivo e consegue um profissional com determinadas qualidades, a mudança na escola tende a ser mais rápida."

Mas, para atrair os melhores profissionais para os cargos de gestão, é essencial tornar a carreira mais atrativa. Com esse objetivo, o Estado do Espírito Santo mudou recentemente a forma de pagamento dos diretores de escolas estaduais.

O modelo permite, por exemplo, que melhores números no Paebes (Programa de Avaliação da Educação Básica do Espírito Santo), que indica o nível de proficiência dos estudantes, se convertam em gratificação para para os diretores.

O uso otimizado de salas de aula e espaços da escola, que ajudam a economizar recursos, o trabalho em áreas de vulnerabilidade social e econômica e a manutenção das taxas de matrícula também representam acréscimos no salário do gestor.

Segundo Rocha, a mudança ainda não teve os resultados avaliados oficialmente, mas já foram observados ganhos na gestão das escolas.

FORMAÇÃO

A formação inicial e continuada do diretor ganha relevância ainda maior nesse contexto em que o desempenho é premiado, segundo os debatedores.

"No Rio Grande do Norte, muitos gestores têm dificuldades sérias com relação à administração e finanças. Eles acabam gastando muito tempo com essa parte e se envolvem menos com a dimensão pedagógica. Isso acontece por falta de formação", disse a secretária de Educação, Cláudia Santa Rosa.

Segundo ela, uma solução encontrada são encontros em que profissionais mais experientes e que alcançaram bons resultados compartilham suas práticas com outros gestores.

No Espírito Santo também terá início, neste ano, um modelo parecido de formação inicial feito por diretores que se destacam em áreas operacionais ou estratégicas, de acordo com Rocha, da Secretaria de Educação do Estado. "Essa formação inicial faz com que o profissional se sinta apoiado."

CERTIFICAÇÃO

Manuel Palácios, coordenador do Caed (Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação) da Universidade Federal de Juiz de Fora, defendeu a certificação de profissionais da educação aptos para fazer a gestão por instituições credenciadas.

"Uma boa certificação reúne evidências de que aquela pessoa é capaz de propor soluções e interpretar dados para fazer uma boa gestão", afirmou.

Os desafios, no entanto, estão em estabelecer os padrões nacionais que o gestor deve atender e criar uma rede de instituições monitoradas pelo governo e secretarias estaduais de educação que possam fazer as certificações em todo o país, segundo Palácios.

"Mas não adianta imaginar um processo de certificação e desenvolvimento nessa carreira se o gestor não tiver ao seu lado sistemas que coloquem as informações ao seu alcance."


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