Folha de S. Paulo


'Bom Retiro coreano' é só uma ideia; Itália restaura fonte na praça Ramos

Lalo de Almeida/Folhapress
Vitrinista veste manequim na rua José Paulino, no Bom Retiro, no Centro
Vitrinista veste manequim na rua José Paulino, no Bom Retiro, no Centro

As parcerias com empresários italianos, franceses e sul-coreanos que o prefeito João Doria (PSDB) anunciou nos primeiros meses de mandato se desenvolvem em ritmos diferentes. Das três, a que está mais avançada é o acordo com empresários italianos que prevê a revitalização de três praças: a do Imigrante Italiano, a Cidade de Milão e a Ramos de Azevedo.

O acordo firmado em junho entre a prefeitura, a Embaixada da Itália, o Consulado-Geral da Itália em São Paulo e a ITA (Italian Trade Agency) prevê a restauração e revitalização dos espaços.

A praça do Imigrante Italiano, no Jardim Europa, já foi entregue em agosto. A segunda será a praça Cidade de Milão, na Vila Nova Conceição, com data de inauguração estimada para 26 de novembro.

No centro da cidade, a beneficiada é a praça Ramos de Azevedo. Com reinauguração prevista para 16 de dezembro, é a maior dessas três obras e deve consumir cerca de R$ 3,5 milhões, conta que será paga por 19 empresas e três doadores pessoas físicas. À Folha a ITA afirmou que o cronograma está em dia e que as obras começariam nesta semana.

Devem ser restauradas a Fonte dos Desejos, inspirada na Fontana di Trevi, na Itália, com o conjunto de 12 esculturas à sua volta que homenageiam o compositor Carlos Gomes, além de duas outras esculturas, uma de Rui Barbosa e outra do compositor italiano Giuseppe Verdi.

A ITA colocou no ar o site Italia per San Paolo (italiapersanpaolo.com.br) com uma contagem regressiva oficial para a inauguração.

Depois dos italianos, os franceses são os que estão mais perto de colocar o projeto de pé. Convocada para a revitalização do largo do Arouche, a Câmara de Comércio Brasil-França busca patrocinadores para fechar o orçamento de R$ 6,6 milhões que a obra deve consumir.

PROMENADE PAULISTANA

Doria já manifestava em público desde dezembro do ano passado o sonho de ver o lugar se transformar em uma "promenade" (passeio, em francês), mas a parceria foi fechada em abril.

Segundo Milton Luiz de Melo Santos, da associação Viva o Centro, que participa da gestão do projeto, cerca de metade dos recursos necessários está confirmada, e a busca pelo restante continua.

O projeto arquitetônico foi doado pelo escritório franco-brasileiro Triptyque e busca integrar os públicos que frequentam o local. "São várias as comunidades que usam a praça. Queremos organizar, dar os meios para todo mundo viver em paz e junto", diz Greg Bousquet, um dos sócios-fundadores do escritório.

O projeto prevê horta comunitária, palco, parquinho infantil e quiosques com usos variados. As bancas de flores, que hoje ficam de costas para a praça, passariam a ter aberturas de todos os lados.

Mais incipiente está a parceria com empresários sul-coreanos, anunciada pelo prefeito em viagem à Coreia do Sul, em abril. A ideia era conseguir apoio para obras de revitalização no Bom Retiro, que, segundo o prefeito, passaria a se chamar "Bom Retiro Little Seul".

Na época, empresários do bairro demonstraram preocupação com a mudança de nome, temendo que ela pudesse descaracterizar a região. Comerciantes também disseram que há colônias judaicas e libanesas no bairro.

Após a reação, Doria esclareceu que o nome do bairro não seria alterado e que "Little Seul" seria apenas um apelido. Questionada sobre esse projeto, a prefeitura, por meio da SP Urbanismo, disse que está em contato com um grupo de empresários coreanos que demonstrou interesse em auxiliar na requalificação do bairro e que as tratativas "estão em andamento".


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